Tenho que dar mão a palpatória para Sérgio Porto que escreveu, como Stanislaw Ponte Preta, nos anos 60: “Em Niterói urubu voa de costas para não levar um tiro na cara”.
E eram tempos melhores do que os atuais. Niterói era capital do antigo Estado do Rio, rico, verde, gordo, e provinciano. Sim, mas quem não tem um defeito? Ser provinciano é melhor do que virar o fim da picada.
Hoje Niterói figura entre as cidades mais estupradas pelo abandono administrativo no RJ. Vejo no noticiário da TV que os roubos de carros subiram mais de 60% este ano em relação ao ano passado. Assaltos nas ruas, tiroteios, homicídios, tudo no topo, tudo lá em cima. Qualidade de vida lá embaixo, onde dormem mendigos, viciados em drogas, traficantes, a escória sub-humana que elegeu Niterói como seu porto seguro e impune.
Mês passado peguei a câmera e fui clicando os prédios de 16, 18, 20 andares que sangram a cidade. Num pedaço de Santa Rosa, que a especulação batizou de Jardim Icaraí, casarões vão abaixo para darem lugar a prédios gigantescos sem que a cidade tenha infraestrutura para suportá-los.
A praia de Charitas virou uma muralha de prédios de gosto para lá de duvidoso, enquanto que na orla, desafiando regras básicas de higiene, a favela de quiosques da prefeitura empesteia ainda mais a já poluída (e um dia bela) praia, massacrada pela especulação imobiliária.
Você mora em outra cidade e quer mudar para Niterói? Não venha! Não venha porque a cidade virou uma cloaca suburbana. É triste, mas e fato. E contra fatos não há argumentos.