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Niterói perde uma mulher extraordinária: Mercedes Boechat

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Dona Mercedes com a neta Paula, filha de Boechat, e a bisnetinha no lançamento do livro Toca o Barco

Niterói perdeu uma mulher extraordinária, de muita fibra e que tinha o coração bondoso e solidário, Mercedes Boechat, aos 93 anos. Matriarca de sete filhos, dentre eles os falecidos Carlos Boechat, engenheiro da Prefeitura, com relevantes serviços prestados à cidade, e o eclético Ricardo Boechat, expoente do jornalismo nacional, que deixou há seis anos uma lacuna enorme na imprensa escrita, radiofônica e televisiva.

Bruno Thys, respeitado jornalista e editor do livro “Toca o Barco”, com depoimentos de 32 colegas que trabalharam com Ricardo Boechat, publicou no seu Facebook a bela história resumida de Mercedes Boechat, de uma fidelidade comovente, que a Coluna transcreve na íntegra, a seguir:

Faleceu, aos 93 anos, Dona Mercedes Boechat, uma guerreira. Era mãe dos meus camaradas Ricardo e Dalton e de outros cinco filhos, avó e bisavó. Nascida no Uruguai, foi criada na Argentina e se casou com um brasileiro. Uma mulher que travou o bom combate da vida, lutou por um mundo melhor e não parou no tempo. Já madura, “mecha” – como os filhos se referiam a ela – foi cursar Sociologia na UFF.

Quando em 2019 lançamos “Toca o barco”, livro com depoimentos de colegas sobre Ricardo Boechat, recém-falecido, participamos de um evento organizado pelo querido Gilson Monteiro no Rio Cricket, em Niterói, cidade onde morava. A homenagem reuniu uma multidão. Com 87 anos, ela passou a noite em pé, conversando, assinando livros, sempre com um copo de cerveja na mão. A neta Paula, filha do Boechat, insistiu para que comesse alguma coisa ou ao menos se sentasse. Dona Mercedes perdeu as estribeiras:

—Deixa eu tomar minha cerveja, póóóóóra – esbravejou com seu forte sotaque portenho.

Era uma mulher forte e de muita personalidade. Sempre que alguém perguntava se era mãe do Boechat, ela respondia de bate-pronto:

—Qual deles? São sete filhos Boechat, seis vivos (hoje cinco) e todos igualmente amados.

Na morte do Boechat, ela não falou de seu sofrimento. Diante do caixão, disse apenas que estava reconfortada com os relatos de desconhecidos e a presença, no velório, de tanta gente humilde.

Boechat herdou de Mercedes, entre tantas outras virtudes, a da solidariedade; fazer o bem sem olhar a quem. Seu exemplo de trabalho incessante por uma sociedade mais justa e fraterna é o que nos conforta agora, com o seu falecimento. Descanse em paz.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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