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Coluna do LAM

Niterói perde Ítalo Campofiorito, um marco da Cultura

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O arquiteto e ex-Secretário de Cultura de Niterói, Ítalo Campofiorito morreu quarta-feira em seu apartamento no Leblon. Ele fez 87 anos um dia antes e teve um ataque cardíaco quando dormia.

Filho dos artistas plásticos Hilda e Quirino Campofiorito, Ítalo foi Secretário de Cultura e assessor de Oscar Niemeyer na construção do Museu de Arte Contemporânea. Na construção de Brasília, Ítalo já estava com Niemeyer, de quem se tornou amigo.

Conviver com ele no dia a dia foi um privilégio. Ele assumiu a Secretaria de Cultura no primeiro governo de Jorge Roberto Silveira, quando eu presidia a Fundação de Arte de Niterói. Foi uma das pessoas mais cultas e bem informadas que conheci. Dono de um humor fino, frases antológicas, tinha um jeito peculiar de definir a vida, o mundo, a sociedade. No Rio, deixou sua marca ao criar os corredores culturais no Centro da cidade.

Viveu muitos anos em Paris, onde conviveu com grandes escritores, filósofos, intelectuais em geral. Apaixonado por cinema, conviveu a Nouvelle Vague de François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais e muitos outros. Ele assistia a pelo menos dois filmes por semana, devorava livros e respirava artes plásticas e música clássica.

Um outro amigo de Niterói, o artista plástico e restaurador Cláudio Valério Teixeira, lembra que “Ítalo era muito meu amigo e chegamos a trabalhar juntos em Niterói, quando ele ocupava a Secretaria de Cultura e eu era Presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN). Ítalo, que sempre teve seu nome ligado à preservação de bens culturais, prestou grande contribuição a esta área em Niterói.

Hoje temos menos um em nossas trincheiras em defesa de nosso patrimônio. Antes de ficar mais severamente doente adorava almoçar em minha casa, quando na mesa, os debates sobre arte brasileira corriam soltos e animados. Eram momentos descontraídos que, tenho certeza, auxiliaram Ítalo a ter momentos de prazer. E a conversa não era só sobre arquitetura e artes plásticas em geral, mas também sobre cinema, literatura e música. Agora, quando o Brasil se mostra gerido pela estupidez e ignorância, com certeza a cultura e o conhecimento de Ítalo farão muita falta. Descanse em paz, meu amigo.”

Aqui em Niterói, a partida de Ítalo comoveu muita gente, alunos e admiradores da pessoa e do profissional que dedicou toda a vida a Cultura, que, ao lado da Educação, é uma alternativa saudável para o Brasil equacionar os seus problemas sociais.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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