A cidade perdeu um dos maiores pintores brasileiros, Israel Pedrosa, que tinha seu atelier na própria casa, na Rua Presidente Backer, em Icaraí, Zona Sul de Niterói. Autor do livro “Da cor a cor inexistente”, nos últimos 20 anos Pedrosa reproduziu 70 obras de dez gênios da pintura mundial e escreveu sobre a importância e a contribuição deles para a arte visual do século XV aos dias de hoje. Faleceu aos 89 anos no domingo de carnaval e foi sepultado no dia seguinte, no Parque da Colina. No próximo domingo (14/02), às 19h, a família mandará celebrar uma missa de sétimo dia, na capela de São Lucas (atrás da Associação Médica, com entrada pela Rua Mário Alves, em Icaraí).
Pedrosa havia acabado de mandar para a gráfica os originais de seu livro “Dez aulas magistrais”, resultado de duas décadas de pesquisas. Com 600 páginas, o livro será indispensável para artistas e o meio acadêmico com interesse na dimensão da cor. A lista dos dez grandes pintores é encabeçada por Leonardo da Vinci, autor do primeiro estudo sobre cor que a humanidade tem conhecimento. Esse estudo foi publicado 135 anos após a sua morte.
Além de Leonardo da Vinci, fazem parte do livro: Hieronymus Bosch, Vermeer de Delft, William Turner, Paul Cézanne, Vicent van Gogh, Paul Klee, David Alfaro Siqueira, Cândido Portinari, Paul Pollock.
Israel Pedrosa era mineiro do Alto Jequitibá, nascido em 18 de abril e 1926, transformou-se em cidadão do mundo, mas a maior parte de sua vida passou pintando, lendo, escrevendo e estudando muito em seu ateliê, em Icaraí. Ainda adolescente, foi aluno de Cândido Portinari e causou espanto ao mestre por seu interesse muito particular pelas nuances das cores. De modo empírico, percebia que o preto na sombra era mais claro que o branco no escuro.
Ao voltar de Paris, em 1951, logo depois de se formar em Belas Artes, Pedrosa montou seu cavalete para pintar uma paisagem no bairro carioca de Madureira. Percebeu que os lençóis brancos que uma lavadeira estendera num gramado para quarar mudaram de cor: ganharam um leve tom violeta. Durante os 16 anos seguintes, estudou a fundo a relação da cor com a luz, a sombra e outras variáveis da física. E elaborou a teoria da cor inexistente. Seu trabalho foi reconhecido mundialmente. Também teve participação no início da TV Globo, dando cursos a cenógrafos e orientando sobre o jogo de cores que se formava de acordo com as que eram usadas no cenário e nas roupas dos personagens de programas. Foi consultor de técnicos na Alemanha para ajustar os equipamentos que possibilitaram a transição do preto e branco para cor nas transmissões de televisão. Pedrosa poderia ter ficado milionário como consultor. Mas preferiu optar pela vida simples de um artista voltado para os mistérios e as técnicas da cor. Escreveu livros sobre o tema, como o “Da cor a cor inexistente”, deu aulas e proferiu centenas de palestras.