Desde que foi criada a Prefeitura, em 1904, Niterói teve 67 prefeitões e prefeitinhos, contados os efetivos, interinos e repetentes. Quarenta e dois foram nomeados e 17 eleitos. Um tomou a Prefeitura no peito, trazido pelo tisuname da Revolução de 30. Dos eleitos, um não chegou a assumir; outro assumiu mas logo teve de arrumar as gavetas, porque em ambos os casos a eleição foi anulada. Quatro assumiram como vice-prefeitos, três como presidentes da Câmara, três como chefes de gabinete. Seis gostaram do cargo e voltaram a exercê-lo, dois deles por quatro vezes. Outros dois foram corridos da cidade, um porque queria fazer demais, o que podia significar aumento dos impostos, outro porque realizou demais e não aumentou impostos, mas bateu de frente com os régulos da política aldeã.
Cinco renunciaram; um foi renunciado pela ditadura militar; dois foram depostos e um sofreu impeachment, num tempo em que o Supremo não metia o bedelho nessas coisas. Quanto à formação, foram 19 engenheiros, 15 advogados, 12 professores, 8 militares, 5 médicos, 2 jornalistas e 2 sociólogos. Cinco não completaram curso superior, não receberam títulos Honoris Causa de nenhuma universidade e não falavam inglês.
Politicamente considerando, a sorte não sorriu à grande maioria deles: dois deixaram a Prefeitura para concorrer ao governo estadual e perderam; um foi candidato a governador muito tempo depois, perdeu também; dois ganharam, numa segunda tentativa; dois concorreram ao Senado, um ganhou, outro não. Trinta e nove não voltaram a exercer nenhum cargo político. Trinta e um morreram pobres, um deles completamente falido.
E não falta nessa história uma nota nosológica mais ou menos trágica: dois morreram com as faculdades mentais fora do prumo; um se matou, neurastênico e depressivo; e um outro, que não era prefeito mas respondia pelo cargo, foi assassinado. Não entendendo nada de estatística, e muito menos de numerologia, deixo o quadro para exame dos doutos nessas matérias.