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Coluna do LAM

Niterói e a invasão dos flanelinhas

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Nunca em sua história Niterói conviveu com tantos flanelinhas. A cidade foi tomada por uma horda vinda de outros lugares, aproveitando a incompetência do governo da cidade. Flanelinha é uma epidemia nacional, mas nas cidades de administração séria são combatidos ferozmente, diariamente. São Paulo não facilita a vida deles, muito menos Curitiba, Florianópolis e muitas outras cidades. Mais: há flanelinhas “tradicionais” em Niterói, chamados de guardadores, que há anos atuam em lugares específicos sem achacar, assediar e ameaçar os motoristas, principalmente as mulheres.

Diante de uma prefeitura pífia, os bandos perceberam que “em Niterói tá mole, playboy” e para cá vieram. Em muitos lugares eles atuam com a cumplicidade de alguns oficiais (não são todos), da empresa terceirizada que explora os estacionamentos por aqui (impressionante a voracidade dessa empresa que é parceira da prefeitura), cujos funcionários usam uma camisa amarela onde, nas costas (parece deboche) está impressa a pergunta “posso ajudar?”. De novo, vamos ser justos pois há exceções. Muitos desses funcionários são gentis, educados, de fato ajudam e são trabalhadores como outro qualquer merecedores de nosso respeito profundo. Mas, no bolo, existem sim os marginais.

Muitos flanelinhas (atenção de novo. Não são todos!) são olheiros de quadrilhas de roubos e furtos de carros. Avisam quando um determinado modelo “encomendado” estaciona, passam o perfil da vítima (mulheres e idosos de preferência), a quadrilha entra em cena e rouba o carro. Eles sabem quando o dono do carro vai sacar dinheiro no banco, enfim, são meliantes a serviço da “inteligência” do banditismo.

Além dos flanelinhas, Niterói bate recordes de pedintes pelas ruas, vendedores de quinquilharias em sinais, populações de rua dormindo sob marquises, frutos da ociosidade de uma secretaria que tem nome pomposo (Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos), feudo cativo de uma vereadora do PT e seus amigos. Nada fazem como vemos nas ruas.

Uma das regiões mais invadida por todos os tipos de flanelinhas é o Jardim Icaraí, para onde milhares de pessoas vão “cometer o crime” de se divertir nos  bares e restaurantes da área. A região foi divida em blocos, cada um com seus “gerentes” que comandam o bando e no final racham o dinheiro extorquido. Uma conta que nem sempre fecha e por isso os moradores do bairro são obrigados a assistir brigas e gritaria entre eles ao longo das madrugadas por causa da partilha do dinheiro.

Na Avenida Rui Barbosa, em São Francisco, bem como algumas ruas perpendiculares a praia, estão flanelinhas agressivos que preferem agir nas proximidades da agência da Caixa Econômica e do shopping em frente, onde fica uma agência de um banco privado. Parar ali a noite para pegar dinheiro é quase assalto certo, já que muitos moram sob a marquise da agência da CEF.

Em Icaraí está o maior contingente que age, preferencialmente, nas ruas Moreira César, Tavares de Macedo, Gavião Peixoto, Mem de Sá e também no filé mignon, a Miguel de Frias. Impunes, eles param o trânsito para que um “cliente” estacione o carro, xingam, ameaçam e coagem os motoristas, principalmente mulheres e idosos. Perguntei a alguns deles de onde vieram e a maioria dos que responderam disse que são de comunidades de cidades da periferia de Niterói.

Estão em toda parte. Centro, Região Oceânica, Ingá, Jurujuba. O prefeito ex-petista (segundo lugar na última eleição, perdendo para nulos, brancos e abstenções) vive elogiando a sua Guarda Municipal. Mas ele não comenta que o combate aos flanelinhas é uma atribuição dessa Guarda, que nada faz por três básicas: 1 – indolência; 2 incompetência; 3 – medo de retaliações por parte das quadrilhas. Largados ao leu, só resta aos niteroienses optarem por ônibus (torcendo para não haver assalto), táxi e Uber.

Parodiando Belchior, eles venceram e o sinal está fechado para nós, que somos honestos.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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