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Niterói desativa hospital público e amplia contrato para gestão de hospital alugado

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O Hospital Orêncio de Freitas (HOF), no Barreto, será desativado pela prefeitura de Niterói, segundo informação dada ontem à tarde (16/11) à diretora geral Celia Maria Gouveia de Freitas. Em vez de cuidar do velho hospital construído em 1937 no Morro dos Marítimos, o município preferiu renovar o milionário contrato de aluguel do Hospital Oceânico, em Piratininga, e nele passar a realizar as cirurgias hoje a cargo do HOF.

O Oceânico, recentemente batizado com o nome do médico Gilson Cantarino, ocupa um imóvel particular que foi arrendado pela prefeitura por R$ 4,8 milhões. O contrato era de um ano para atender às vítimas da Covid-19. A gestão hospitalar foi entregue à organização social (OS) Viva Rio. Os R$ 58,6 milhões inicialmente previstos para pagar à OS pela gestão do hospital de Piratininga chegaram a R$ 84,3 milhões no ano passado. Em 2021, essa despesa está prevista em mais de R$ 100 milhões, fora o aluguel do imóvel. Já o Orêncio de Freitas, que faz em média 250 cirurgias a cada trinta dias, recebeu nos últimos três meses da Secretaria de Saúde apenas a verba mensal de R$ 19 mil reais para compra de medicamentos, material médico e manutenção predial.

Médicos e funcionários do Orêncio de Freitas foram surpreendidos pela notícia de que o hospital de referência em cirurgias geral e gástricas poderá ser transformado em uma unidade intermediária de média complexidade. Nesta quarta-feira (17/11) reuniram-se no hospital dos Marítimos a direção, o corpo clínico e o presidente da Associação dos Servidores da Saúde, Cesar Roberto Braga Macedo. Ele afirmou que a medida que está sendo pretendida pela prefeitura, “afronta a história médica da cidade e os funcionários que têm se esforçado para manter aquele hospital em alta qualidade”.

Macedo lembrou, ainda, que a partir da década de 70, o Orêncio de Freitas “se constituiu num elemento de formação médica para toda a região Leste Fluminense, formando uma gama de cirurgiões hoje espalhados pelo Brasil e o exterior, graças à dedicação dos doutores Guilherme Eurico e Lutegarde Vieira de Freitas”. Atualmente, o hospital têm dezoito médicos residentes, que estão preocupados com a conclusão de sua formação profissional após a desativação do Orêncio de Freitas.

Hospital dos Marítimos e da população carente

Em 1990, o Orêncio de Freitas foi cedido pelo governo federal à Fundação Municipal de Saúde de Niterói. Desde então, enfrenta crises econômicas que quase resultaram em seu fechamento. Transformado em hospital geral, sua emergência funciona em tempo integral. É dirigido pela médica Célia Maria Gouvêa. Em 2019, apesar de suas carências, o hospital foi bem avaliado por 90% dos pacientes atendidos. Referência em cirurgias e no tratamento das doenças do aparelho digestivo, o Orêncio de Freitas atende usuários de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Silva Jardim, e outras cidades próximas.

O nome do hospital do Barreto é uma homenagem não a um médico, mas a um operário de poucas letras que batalhou pela construção de uma casa de saúde para a população pobre. Orêncio de Freitas contou com o apoio dos médicos Salomão Cruz e Alcides Pereira, que atendiam moradores carentes do Barreto. Orêncio fundou a Sociedade Mútua dos Operários da Manufatura Fluminense. Para a obra do hospital, primeiro recebeu a doação do terreno no alto do Morro dos Marítimos, feita pela Fábrica de Tecidos Manufatura Fluminense, onde havia trabalhado.

A construção começou em 1937, depois de a prefeitura de Niterói doar parte dos materiais e a mão de obra. Amaral Peixoto, interventor federal no antigo Estado do Rio, destinou verba estadual de 180 contos de réis por ano. Em maio de 1940, Amaral inaugurou o hospital. O operário Orêncio de Freitas, acometido pela tuberculose, não participou da festa. Mas depois da inauguração pôde ali se internar, morrendo em agosto de 194o, aos 49 anos de idade. Em homenagem à sua luta pela obra, o hospital recebeu o nome do trabalhador.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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