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Niterói, a terra da desordem ampla, geral e irrestrita

Escrito por Luiz Antonio Mello às 09:18 do dia 23 de abril de 2016
Sobre: Decibelândia
23abr

barulhoEsgotou a minha cota de sacrifício. Fim! Vivo num bairro cujo IPTU é o mais caro, absurdamente caro da cidade, mas a contraprestação de serviços da prefeitura é uma cusparada na cara. Semanas atrás O Globo publicou uma importante matéria sob o título “Estudo mostra que barulho é a queixa que mais ocupa 190 da PM – A cada quatro minutos alguém liga para reclamar do transtorno”.

A reportagem fala do Rio, mas em Niterói é pior. De segunda a sexta-feira, a partir de 8 horas da manhã sou obrigado a conviver com uma máquina de cortar mármore que é acionada num prédio vizinho ao meu. Pelo tempo da obra, ou aquilo virou uma marmoraria ou então é coisa da Petrobrás. O barulho é infernal, torturante e até já pensei em ir lá falar…falar o que: “amigo, tenha civilidade”; “amigo, seja razoável”; “amigo, que tal pegar leve”. Amigo é o cacete! Minha vontade, muitas vezes (quando escrevo, por exemplo) é entrar lá embolachando todo mundo, mas aí  perderia a razão.

Como Niterói não tem fiscalização (como diz um coreano que mora no bairro do Ingá, “isso aqui é a maior suluba, né?”) os caras ficam cortando mármore o dia todo aqui, ali, acolá. E passam as kombis com alto falantes aos berros vendendo e comprando ferro velho, buzinaria alucinante no trânsito lento, bate estacas de prédios que sobem como piranhas desgraças à especulação imobiliária, quatro barangas que vivem se estapeando aos berros de “vou te matar sua fi,…. da p….ta” num prédio atrás do meu, cachorros latindo na coleira, ônibus e caminhões vomitando barulho e fumaça…..e aí, chega o sábado.

Alívio? Nada. A pagodagem e a sertanália começam a fazer suas festinhas nos prédios da vizinhança. Começam sempre com o som cínico mas já incômodo mas relativamente racional. Mandam um mumuzinho, um tiaguinho, mas vão engrossando, aumentando o volume, aumentando, aumentando, passam pra anitta, ludmila e finalmente a baixaria, funk proibidão aos berros sem que ninguém faça NADA. Ninguém não. Eu acabei de ligar para 190 reclamando porque já são oito horas ininterruptas de esporro mas o PM que atendeu disse que não pode fazer nada porque……

Me disseram que existe uma Secretaria de Ordem Pública. Existe? Fui no site da prefeitura de Niterói e está lá a tal secretaria, telefone 2618-0533 mas hoje é sábado e ninguém atende. Aliás, sabem quantas secretarias, autarquias, fundações e similares Niterói tem? 47!

O que fazer? Tudo bem, ir embora daqui é o que todo mundo responde, mas existe outra alternativa? Ou não?

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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2 thoughts on “Niterói, a terra da desordem ampla, geral e irrestrita

  1. Meu amigo, compreendo exatamente pelo que está passando. Já passei inúmeras noites em claro porque o som é tão alto aqui na minha casa que as janelas vibram e mal consigo falar ao telefone. Ligo mensalmente para a polícia que diz não poder fazer nada pois quando eles vão embora o vizinho torna a aumentar o volume. Já abri B.O., já fui na prefeitura e me orientaram a ir num setor de postura que fica na Ponta D’Areia. Tem que ter estômago, tempo, paciência e disposição para tentar resolver o assunto. Estamos à mercê dos baderneiros. Temos uma lei que não é respeitada ou cumprida pois não há punição.

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