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Dos leitores

Neurologista adverte: “Canabis medicinal não é para qualquer um”

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Dr. Marco Orsini – neurologista

O uso indiscriminado e abusivo do Canabidiol Medicinal tem onerado Secretarias de Saúde do nosso País. Indubitavelmente, sua utilização atenua inúmeros problemas relacionados com doenças refratárias ao tratamento convencional como, por exemplo: dores de causas várias, tipos específicos de epilepsia, além de sintomas oriundos de outras doenças neurológicas e, obviamente, de áreas médicas afins. Entretanto, um grande problema que nos cerca é a pobreza e mesmo ausência de estudos duplo-cegos, randomizados e controlados – uma modalidade de pesquisa capaz de dar suporte robusto ao profissional.

Como médico e prescritor sempre avalio a relação risco e benefício ao sugerir sua utilização. Em adição, considero-a um fármaco de “resgate”, ou seja, só deveria ser empregada quando todo o arsenal de medicamentos já consolidados no mercado seja falho. Assustam-me as “novas” indicações do Canabis Medicinal para esportes que envolvam endurance, associações com técnicas de relaxamento e, infelizmente, como fármaco auxiliar num possível tratamento da infecção pelo vírus SARS-COV (COVID-19). Os empresários fazem do fármaco um produto de venda e, algumas vezes, se esquecem dos seres-humanos.

Um dos grandes problemas enfrentados pela classe médica é a medicalização. Os pacientes possuem uma enorme dificuldade em aceitar uma consulta em que não seja prescrito, no mínimo, um complexo vitamínico. Considero-me um dos maiores defensores do uso da Canabis, entretanto o “mercado” parece querer encharcar e fomentar seu uso para tudo e para todos.

Alguns enfermos saem chateados, pois não lhes é prescrito aquilo que desejavam. Demoro minutos para contra-argumentar que a função do médico é avaliar e medicar se necessário. Uso como exemplo a quantidade enorme de exames complementares prescritos sem uma avaliação mais minuciosa.

Quanto ao Canabis Medicinal ainda se somam possíveis efeitos adversos, como sedação e comprometimento cognitivo, além dos cuidados de utilização. Queria deixar claro que algumas apresentações possuem o THC, uma substância que até o presente momento é pobre em estudos, principalmente em relação ao encéfalo em desenvolvimento.

É de suma importância não afrouxarmos prescrições e somente sinalizar o uso em casos extremos. Tenho receio de uma banalização. Algo vendido literalmente nas feiras.

As pessoas devem entender que, antes de qualquer negócio que envolva capital, principalmente naqueles a que estão atrelados à saúde, existem vidas, perspectivas e sofrimentos alheios. O Canabis Medicinal não é para qualquer um.”

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