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Nem DPO escapa do vermelho Quaquá

Escrito por Gilson Monteiro às 09:42 do dia 5 de julho de 2016
Sobre: Utopia maricaense
05jul

A cor predominante em prédios públicos e até no uniforme dos alunos das escolas municipais de Maricá é o vermelho. Ela está na bandeira do município, criada em 1964, para representar “o valor e a intrepidez do povo maricaense”. Só que agora ela reproduz o “vermelho Quaquá”, o colorido ideológico do polêmico prefeito que também preside o PT no Estado do Rio de Janeiro.

No dia 1° deste mês, Washington Quaquá inaugurou um novo prédio para a Polícia Militar instalar um Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) em Itaipuaçu. O telhado e as colunas do prédio estavam pintados de vermelho e o comandante do 12° Batalhão da PM, coronel Fernando Salema, não gostou. Na tarde desta segunda-feira (04/07), Quaquá mandou repintar o DPO com a cor azul da corporação.

Policiais militares reagiram também pelas redes sociais. O coronel-PM Emir Laranjeira escreveu: “O prefeito de Maricá manda e desmanda em alguns PMs, mas está longe de mandar na instituição PMERJ. Quer ajudar, o apoio é bem-vindo. Mas as cores da briosa ele jamais mudará para avermelhá-las nos moldes petistas-socialistas-anarquistas, como ele gosta. Daí é que a pintura vermelha não emplacou e jamais emplacará”.

Propaganda velada

Em junho, o prefeito Quaquá já tinha sido advertido pelo Ministério Público estadual por estar fazendo propaganda velada de seu partido ao estampar a sigla da empresa municipal EPT nos “vermelhinhos”, os ônibus municipais com tarifa zero.

O MP considerou que a sigla EPT pintada nos ônibus tinha uma programação visual que diferenciava a letra “E” das demais, dando destaque às letras PT, associadas ao Partido dos Trabalhadores. “A inscrição deve ser retirada de toda a pintura externa em até dez dias, de forma permanente, não podendo ser substituída por qualquer outra sigla, imagem, fotografia, mensagem, números ou informação que tenha potencial de configurar propaganda eleitoral”, advertiu o MP. No último fim de semana os ônibus já circulavam sem o logotipo da empresa na carroceria.

Batalha de cores

O novo DPO, segundo a Secretaria Municipal de Segurança de Maricá, integra “um complexo de segurança no bairro Barroco, no distrito de Itaipuaçu, com um posto da Guarda Municipal de Maricá”. Neste segundo posto, que continuou pintado de vermelho, dão plantão três guardas a cada 24 horas, com o apoio de uma viatura. Já no DPO, segundo a PM, o efetivo é formado por dez soldados e cinco viaturas.

A justificativa para o prédio entregue à PM estar pintado de vermelho é a de que este havia sido construído pelo município, cuja bandeira também é vermelha.

Bandeira cubana

O símbolo municipal, criado pela Deliberação n° 289, em 2 de setembro de 1964, tem em sua concepção original a forma de um retângulo vermelho com uma faixa diagonal branca com três estrelas azuis. Segundo a lei municipal, “a cor vermelha significa o valor e a intrepidez do povo maricaense; a cor branca simboliza a ordem, a candura e a paz que a Terra maricaense oferece a todos que a procuram; e a cor azul representa o espírito tranquilo e confiante do povo ansioso pelo progresso de sua terra”. Posteriormente, a bandeira passou a ter mais uma estrela representando o quarto Distrito (Itaipuaçu), criado em 1991.

Certamente devido à semelhança com a bandeira de Cuba,  admirada por Quaquá a ponto dele dar o nome de Che Guevara a um hospital que a prefeitura constrói com apoio federal, o prefeito mantém tremulante o pavilhão maricaense em alguns pontos da rodovia RJ-106, que cruza Maricá em direção à Região dos Lagos, demarcando sua utopia socialista.

MST em Maricá

Embalado pela reunião de ativistas políticos que participaram recentemente de um grande evento patrocinado pelos royalties do petróleo que Maricá recebe (e que contribuem com mais de 50% do orçamento de R$ 1 bilhâo previsto para este ano), Quaquá depois desse ‘Festival Internacional da Utopia’ agora anuncia que vai desapropriar dez milhões de metros quadrados para construir com o Movimento dos Sem Terra (MST) e com o dissidente Movimento dos Trabalhadores Rurais Acampados e Assentados (MTA) “comunas de agroecologia que produzirão alimentos saudáveis para serem comprados com a moeda Mumbuca (R$ 100 mensais distribuídos mensalmente  a cada uma das famílias carentes do município cadastradas no programa)”.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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