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‘Náufragos’ do Comperj invadem Niterói

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O Polo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) foi um dos maiores focos de roubalheira da Petrobras. Graças à Operação Lava Jato, os bandidos foram presos, mas o dano social já havia sido feito. Gente de todos os pontos do país migrou para Itaboraí (e arredores) na esperança de dias melhores. Investiram tudo o que tinham, alugaram casebres ou, no caso da classe média, construíram e compraram residências, investiram, acreditaram.

As obras do Comperj, lógico, estão paradas. Com isso, centenas de pessoas perderam o emprego e os mais pobres migraram para Niterói, unindo-se a outros “náufragos sociais” da Baixada Fluminense e de outros municípios vizinhos que optaram por morar nas ruas da cidade, enquanto uma outra parcela decidiu “ganhar a vida” assaltando ou trabalhado para traficantes de drogas.

Os efeitos dessa invasão seriam bem menores caso Niterói tivesse uma Secretaria de Assistência Social funcionando. Este ano, o cabide de emprego torrou quase R$ 21 milhões do orçamento da prefeitura e para o 2017 estão previstos mais R$ 16,2 milhões. Com certeza, os cidadãos gostariam muito de ter acesso a planilha de gastos desse dinheiro porque o caos social só aumenta.

Muitos leitores afirmam que nunca viram Niterói com tantos mendigos como atualmente. Concordo com eles. Além do Comperj, a crise econômica causada pela corrupção jogou muita gente humilde nas ruas, no tráfico e no banditismo. Durante a semana conversei com moradores de rua do Centro e Icaraí e alguns confirmaram que vieram de longe (a maioria do Nordeste) em busca do “sonho do Comperj”. Outros, saíram do Rio e outras cidades da Região Metropolitana.

De fato, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos existe. Fica na Rua Coronel Gomes Machado 281. Tem secretário, subsecretário, chefe de gabinete, etc., mas é monitorada à distância pela vereadora do PT Verônica Lima (ex-secretária) que, provavelmente voltará à secretaria em 2017.

Os cidadãos pagadores de impostos perguntam: Este ano, com R$ 21 milhões, por que a Secretaria não acolheu em seus abrigos a população de rua, que cresce vertiginosamente em Niterói? Quais ações preventivas são feitas visando preservar a cidade dessa migração? Quantos novos abrigos foram construídos diante dessa nova realidade? Que tipo de solução a curto prazo a Secretaria pretende adotar para que o problema não se agrave?

Os cidadãos agradecem pelas respostas.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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