A desistência da Universidade Federal Fluminense pela posse do morro do Gragoatá em favor de uma construtora que ali pretende erguer um condomínio com oito prédios de seis andares, foi questionada hoje em reunião do Conselho da UFF pelo ex-reitor Roberto Salles.
— Não podemos aceitar a decisão do atual reitor (Sidney Mello) de abrir mão desse patrimônio sob o pretexto de que a universidade não indenizou o proprietário anterior. Na verdade, a desapropriação foi iniciativa da própria União, não havendo, pois, nem base legal e tampouco justificativa institucional para tal renúncia. Em nenhum momento o reitor Sidney Mello submeteu a questão ao Conselho Universitário, como estipulam os parágrafos X e XVIII do artigo 22 do Estatuto da Universidade – disse Roberto Salles hoje (27/09), durante reunião daquele colegiado do qual faz parte.
A área de 60 mil metros quadrados, segundo o ex-reitor Roberto Salles, “não estava abandonada e sim continuamente tratada, exibindo a franca recuperação da vegetação, conforme plano de trabalho financiado pelo Ministério do Meio Ambiente”, disse referindo-se à sua gestão.
Lembrou, ainda, que a área do morro do Gragoatá, “pela qual todos os reitores lutaram por mais de 55 anos”, foi um dos argumentos para a UFF ser incluída em um programa MEC-BID que proporcionou o embrião dos campi atuais.
— Apelamos ao bom senso do atual reitor para que esses 60 mil metros quadrados de terreno da UFF possam continuar servindo como espaço de pesquisa e de formação para futuros cientistas e agentes de meio ambiente bem como para estímulo da consciência ambiental de nossa cidade – concluiu Salles.
O Morro do Gragoatá, bem como o Aterro da Praia Grande entre a Estação das Barcas e a Boa Viagem, foi desapropriado da construtora Planurbs pelo governo federal há mais de quarenta anos em favor da UFF, para ali a universidade ampliar seu campus universitário.
Há duas semanas a UFF devolveu o terreno do morro à Planurbs, em acordo firmado durante uma audiência na 4ª Vara Federal. No termo, também assinado pela Girassol Incorporadora e pelo prefeito Rodrigo Neves, essa última empresa teria garantias da construção de empreendimento imobiliário na área, dando contrapartidas ao município e à universidade. Entretanto, o Ministério Público federal alerta que há outra ação que tramita na 3ª Vara Federal, avaliando se a área é ou não de preservação ambiental e que, antes dessa sentença, nenhum acordo poderia ser firmado.
A impressão que eu sempre tive é de que essa área fosse subaproveitada.
Mas melhor deixar ela largada do que subir mais prédios em Niterói!