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Morre Emmanuel de Macedo Soares, 71

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Niterói perdeu na manhã desta Sexta-Feira da Paixão (14/4) Emmanuel Bragança de Macedo Soares, 71 anos, dono do maior acervo sobre todos os acontecimentos marcantes da história do Estado do Rio e, em especial, da ex-capital fluminense. O jornalista estava internado há dez dias no Hospital Azevedo Lima tratando de uma infecção pulmonar, mas não resistiu à doença. Deixa quatro filhos (Marcelo, Cristina, Fabrícia e João Augusto) e dois netos (Pedro e Lucas).

Como era de sua vontade, o corpo será cremado. O velório que, inicialmente para satisfazer outro desejo seu, seria feito na Câmara dos Vereadores de Niterói, foi marcado pela família para amanhã, sábado (15/04), das 10h às 16h no salão nobre do cemitério Parque da Colina, em Pendotiba. Deverá estar presente uma legião de amigos que Emmanuel conquistou ao longo da vida com suas tiradas bem humoradas e seu jeito descontraído de ser.  

Intelectual nato, Emmanuel era colaborador desta coluna, sempre pronto para tirar dúvidas ou acrescentar algum dado histórico que valorizava uma reportagem ou uma simples notícia. Começou pelo Diário Carioca, fundado em 1920 por seu primo José Eduardo de Macedo Soares. O jornal se notabilizou pelas inovações que introduziu na imprensa brasileira, incluindo o primeiro manual de estilo para uso de jornalistas. Depois, seguiu carreira em Última Hora e Jornal do Brasil, até chegar a O Fluminense, onde organizou o departamento de pesquisa do jornal. A partir daí, seguiu uma carreira direcionada à pesquisa histórica e publicou cerca de vinte obras dedicadas à história fluminense. Em 1976, ele assumiu a cadeira número 13 da Academia Fluminense de Letras (AFL).

Na resenha de um de seus livros, “As matrizes de Araruama e São Vicente”, o acadêmico Roberto S. Kahlmeyer-Mertens, escreveu: “Quando o assunto é história, o nome de Emmanuel Bragança de Macedo Soares sempre foi motivo de apreço e admiração nos meios literários de Niterói. Seu trabalho, marcado por intensivo escrúpulo quanto ao uso das fontes e por um estilo muito próprio, destaca-se da heterogênea produção da micro-historiografia existente pela sua alta qualidade. Autor de cerca de vinte obras dedicadas à história fluminense (a maioria delas com ênfase na cidade de Niterói), os trabalhos de Emmanuel de Macedo Soares possuem uma mistura balanceada de conteúdos históricos com linguagem jornalística, o que declara os dois pontos nos quais se assenta a formação do autor. Mais que simplesmente uma peculiaridade de sua formação, a história e o jornalismo são ingredientes de uma “fórmula” de êxito.”

Waldenir de Bragança, ex-prefeito de Niterói e atual presidente da AFL, disse ao saber da morte do primo Emmanuel que “a memória é a mãe da história e, assim, ele soube ser um arquivo vivo e construtor da história. Era um transbordador dos fatos da vida da cidade”.

Nascido em Araruama no dia 3 de setembro de 1945, Emmanuel iniciou seus estudos no Grupo Escolar Edmundo Silva, naquela cidade da Região dos Lagos. Era Macedo Soares por parte de pai, descendente de uma família aristocrática que chegou a ter um de seus membros, Edmundo de Macedo Soares, governador do antigo Estado do Rio, e sobrenome Bragança por parte da mãe que não conheceu, pois ela morreu no dia do parto.

Em Niterói, fez o curso secundário no Liceu Nilo Peçanha, e no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Complementou sua formação no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, formando-se em jornalismo.

Seu foco profissional foi a área de pesquisa. Depois de organizar o departamento de pesquisa do jornal O Fluminense (1971-1978), do Museu Histórico do Estado do Rio de Janeiro (Palácio do Ingá – 1976/1979) e do Centro de Documentação e Pesquisa também do Palácio do Ingá, foi diretor adjunto do Museu Antônio Parreiras (1978-1979), diretor adjunto do Museu da Imagem e do Som (1978-1979), coordenador de Documentação e Pesquisa (1980-1985), presidente (1983-1984) e pesquisador especialista (1985-1989) da Fundação de Atividades Culturais de Niterói (atual Fundação de Artes de Niterói), coordenador de Documentação e Pesquisa da Empresa Niteroiense de Turismo (atual Neltur – 1993/1996), chefe da Divisão de Editoração (1987-1988), editor do suplemento cultural, O Prelo (1988 -1991) e coordenador de Projetos Especiais (1988-1991) da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro e membro do Conselho Consultivo do Projeto de Restauração do Teatro Municipal de Niterói (1993-1996). De 1996 a 2005 foi diretor do Arquivo da Câmara Municipal de Niterói; e membro do Conselho Editorial do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.

Publicou entre duas dezenas de livros “José Clemente e a Vila Real da Praia Grande – Ensaio histórico”; “Epigrafia do Teatro Municipal de Niterói”; “Os monumentos de Niterói”; “A prefeitura e os prefeitos de Niterói”; “Raul Veiga no governo fluminense – Ensaio histórico-biográfico”; “As ruas contam seus nomes” e “Pequena história do Teatro Municipal de Niterói”.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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