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Megaoperação não apreende nenhum fuzil

Escrito por Gilson Monteiro às 18:17 do dia 16 de agosto de 2017
Sobre: Meia dose
16ago

Por trás das grades de seu apartamento, morador de Icaraí filma a passagem dos blindados das Forças Armadas pela Rua Miguel de Frias

A Operação Dose Dupla mobilizou nesta quarta-feira (16/08) 2.600 soldados do Exército e da Marinha e cerca de 550 policiais estaduais para combater o tráfico de drogas em Niterói. Militares desfilaram com carros blindados até pela Rua Gavião Peixoto, em Icaraí, e bloquearam o trânsito em vários pontos da cidade, mas a operação acabou resultando, mais uma vez, em um oneroso marketing produzido pelo Planalto, em que políticos locais buscaram pegar uma carona, como fez no início da noite o prefeito de Niterói.

A megaoperação conjunta das Forças Armadas com as polícias civil e militar realizada desde as primeiras horas da manhã em comunidades de Norte a Sul de Niterói resultou no cumprimento de dezoito mandados de prisão (cinco já estavam presos), de um total de 26 criminosos procurados e apreendeu três adolescentes. Houve uma troca de tiros em Ititioca, sendo um militar atingido sem gravidade na mão. Não foi apreendida nenhuma arma, apenas oito carregadores de fuzil, dois coletes à prova de bala e um quilo de maconha prensada, além de oito carros. 

No início da noite, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, pegou carona na presença das tropas federais na cidade, postando na página da prefeitura,  no Facebook, um vídeo de quase seis minutos para dizer que apoiava a “operação integrada e necessária das Forças Armadas”, assim como disse que ajuda as polícias civil e militar. Pediu desculpas pelo transtorno da operação aos moradores das comunidades atingidas depois de dizer que acompanhou pessoalmente toda a ação.

Dentre os presos, um dos detidos no Complexo do Caramujo (maior área dominada por traficantes em Niterói) vestia uma camisa com o nome de Renatinho da Oficina, vereador que tem sua base eleitoral na região e que já trabalha de olho na eleição para deputado estadual em 2018.

Essa operação foi a segunda realizada desde que a chegada das Forças Armadas no Rio. Na primeira, em 5 de agosto, o foco era o roubo de cargas. Foram feitas 15 prisões e apreendidas apenas três pistolas e duas granadas no complexo do Lins. Apesar do resultado aquém do esperado, a operação foi considerada “razoável” pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann. 

Por outro lado, o único abrigo da prefeitura de Niterói para adolescentes de 12 a 17 anos em situação de risco — a Casa de Acolhimento Paulo Freire, instalada no Barreto —  foi interditado na terça-feira (15/08) pela juíza Rhohemara Marques, do Juizado da Infância e da Juventude, por estar em péssimas condições de funcionamento. 

A magistrada acatou a denúncia da promotora Maria Elisabeth Antunes, segundo a qual o abrigo não possui boas condições de higiene nem instalações adequadas.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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2 thoughts on “Megaoperação não apreende nenhum fuzil

  1. Eu tenho uma grande ideia para acabar com esses bandidos! A população deixar de comprar maconha e cocaína! Vai empobrecer os traficantes que, sem dinheiro, não vão comprar armas, munição e não vão pagar pp para PM.
    Tão obvio mas tão difícil de fazer!

  2. Excelente matéria, Gilson. Realista. Parabéns, aqui da terrinha. Essa intervenção militar no combate à criminalidade no Rio de Janeiro está mais para uma bela jogada de marketing político do que realmente para a minimização da insegurança – já que acabar com ela é impossível – dada a forma como é desenvolvida e executada. Espalhafato não falta a essas operações que teriam de ser mais sigilosas e realizadas com um absoluto e bem estruturado plano. Assim, queima-se gasolina, perde-se tempo e os resultados são pífios como se viu nessa operação, em Niterói. É inadmissível que os tiroteios se estendam por sete dias no Jacarezinho, entre bandidos e policiais. Está qualquer coisa errada nesse planejamento. Não é possível que ninguém saiba como sufocar a ação dos bandidos. Isso tudo parece brincadeira. Colocam-se tropas nas ruas e se espalha que o governo está acabando com a criminalidade no Rio, como disse o ministro Raul Jungmann. Tudo mentira!

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