Mário do Caneco Gelado foi obrigado a reduzir a capacidade do restaurante de 300 para 100 lugares, devido à pandemia do Covid-19. A clientela diminuiu, as contas não param de chegar, mas Mário não demitiu “nenhum dos 50 companheiros de trabalho”.
Apesar de o prefeito ter autorizado, esta semana, os restaurantes a funcionar das 12h às 24h, o Caneco Gelado tem que fechar às 21h, porque os funcionários não conseguem pegar ônibus depois das 22h.
É um absurdo, que o transporte de ônibus, uma concessão pública, deixe a pé quem trabalha na parte da noite.
– Nessa nova fase criei pratos executivos de peixe, lula e polvo, além de incrementar o meu serviço delivery. Tenho certeza de que vamos vencer mais essa batalha, com todo mundo voltando a ter alegria, brindando a vida em torno de uma mesa saboreando uma gostosa comida e uma refrescante bebida – diz Mário Martins Ribeiro de Carvalho.
Aos 77 anos, Mário continua chegando cedo para receber o pescado que vem direto da embarcação para suas mãos, como o namorado de 15 quilos da foto. Depois de examinado para ver se os olhos estão transparentes e a escama com brilho, Mário limpa e corta o peixe com sua faca afiada e faz o pescado para servir no Caneco Gelado.
Seu Mário desabafa: “Cheguei de Portugal com 12 anos, fui lavar pratos num restaurante em Copacabana. Ralei muito, passei necessidade e fome, resisti a quatro CTIs, mas nunca poderia imaginar que fosse passar pelo que estou passando e vendo agora”.
Não seria mais fácil se ao invés de fechar mais cedo, comprar uma van velha e deixar o povo em casa