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Maricá se lambuza com petróleo

Escrito por Gilberto Fontes às 10:59 do dia 5 de agosto de 2017
Sobre: Royalty a rodo
05ago

Os royalties do petróleo jorram generosamente em Maricá, cidade da Região dos Lagos a cerca de 70 quilômetros do Rio de Janeiro que recebe 49% desses recursos destinados ao estado. A receita quintuplicou dos R$ 36 milhões arrecadados em 2016 para R$ 179 milhões este ano com a produção de 700 mil barris/dia do pré-sal no campo Lula, na Bacia de Santos. A prefeitura, que parece não ter aprendido a lição de Rio das Ostras, Macaé e Campos, investe grande parte desse dinheiro em obras para embelezar a cidade.

Corretores de imóveis espalham pelas redes sociais e em mailing de clientes a notícia do incremento da produção do campo de petróleo que enche os cofres de Maricá. Replicam o vídeo de uma reportagem da TV Globo falando do aumento dos royalties para Maricá. Só não contam que, desde a gestão passada, a prefeitura de Maricá faz a pavimentação apenas superficial das ruas do município, aplicando uma camada de asfalto sobre uma sub-base simples de brita e deixando a drenagem fora do projeto. Agora, embeleza vias principais como a Avenida João Saldanha, na Barra de Maricá, onde o comentarista esportivo e técnico da seleção brasileira de futebol veraneava com a família.

Maricá está gastando R$ 3,28 milhões com a construção de calçada e ciclovia em 1,4 mil metros de extensão de um dos lados da Avenida João Saldanha. Neste ano em que se comemora o centenário de Saldanha, essa obra certamente seria assunto para uma de suas crônicas no Jornal do Brasil, onde, sempre que podia, reclamava dos buracos e da lama que sobravam em sua rua.

Agora, Saldanha questionaria o gasto do dinheiro público, quando já se vê o mato tomando conta de quase toda a extensão da ciclofaixa instalada nos doze quilômetros da Avenida Reginaldo Zeidan, que liga Ponta Negra a Barra de Maricá.

Isto, para ficar somente nas obras de fachada, que embelezam ruas e avenidas por algum tempo, mas que logo têm a conservação relegada ao abandono. Se fosse feito um estudo sobre a qualidade da educação e da saúde pública oferecidas por Maricá não haveria tinta nem espaço para tanta crônica.

O orçamento de Maricá para este ano é de R$ 982,7 milhões, dos quais a prefeitura prevê gastar R$ 180,5 milhões com Educação e R$ 155,9 milhões com a Saúde. Já para Obras, o dispêndio previsto é bem maior: R$ 254,2 milhões.

Rio das Ostras (no Norte fluminense), deveria servir de exemplo a Maricá. O município chegou ao auge da arrecadação de royalties em 2014 (R$ 335 milhões). De lá para cá, a queda da produção na Bacia de Campos foi tanta, que hoje falta dinheiro para honrar a folha de pagamento dos funcionários e o hospital público fechou quatro dos seis leitos do CTI.

Nos tempos da gastança, Rio das Ostras ficou conhecido pela construção de um calçadão de porcelanato em toda orla da praia da Costa Azul, hoje tomado por tantos buracos quantos os do orçamento da prefeitura.   

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Gilberto Fontes
Repórter do cotidiano iniciou na Tribuna da Imprensa, depois atuou nos jornais O Dia, O Fluminense (onde foi chefe de reportagem e editor), Jornal do Brasil e O Globo (como editor da Rio e dos Jornais de Bairro). É autor do livro “50 anos de vida – Uma história de amor” (sobre a Pestalozzi), além de editar livros de outros autores da cidade.
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8 thoughts on “Maricá se lambuza com petróleo

  1. É um verdadeiro absurdo o que esses prefeitos e seus antecessores também , fazem e fizeram com os milhões de reais do royalties de petróleo que receberam . As orlas dos municípios da Região dos Lagos parecem de um país de primeiro mundo , parece até que os Secretários de Obras são cenógrafos de tão enfeitadas essas cidades estão.
    Já a saúde publica e a educação são de de terceiro mundo . A politica da saúde publica são compras de ambulâncias e vans que diariamente descem cheias de pacientes para Niterói e Rio de Janeiro.Já a educação segundo o ranking dos 92 municípios do RJ da IOEB essas mesmas cidades ocupam os piores lugares :
    RANKING EDUCAÇÃO – ESCALA DE 0 a 10 -ANO 2015 ENTRE OS 92 MUNICÍPIOS DO RJ
    Macaé – 4,3 – colocação 51
    Maricá – 3,9 – colocação 63
    Cabo Frio – 3,8 – colocação 70
    Arraial do Cabo – 3,4 – colocação 91 ( penúltimo lugar do RJ )

  2. Alem disso pagamos IPTU caro em Itaipuaçu e não temos nem saneamneto basico. Investiguem pois a pavimentação é superficial, oque é asfaltado hoje em um mês ja tem buracos

  3. Gostaria que a Imprensa , televisão viessem ver as obras de fachada que estão sendo feitas em Itaipuaçu. Um bairrro que tem atraído pessoas de todo o Estado do Rio pra virem residir como moradores . Pavimentação sem tratamento de esgoto. Não temos sinais de trânsito, O número de pessoas dirigindo carros e motos sem carteira e causando graves acidente todos os dias
    Não temos bancos , pouquíssimos caixas eletrônicos que nos feriados ficam sem dinheiro, sem correios sem uma UPA , sem nada . E ainda temos que aguentar o monopólio dos Mercados que inflacionam os valores de seus produtos . Nos sentimos abandonados em Itaipuaçu sem falar na bandidagem que está crescendo a olhos vistos com varias casas fazendo venda de drogas , viciados nas praças novas fumando maconha enquanto as crianças brincam e quando ligamos pro DPO pra pedir ajuda eles nunca podem vir alegando que não tem viatura no local.

    1. Prezado Sr. Mauro, permita-me discordar de você, pois o único hospital municipal de Maricá é o obsoleto Hospital Municipal Conde Modesto Leal, que só serve para estabilizar o paciente e traze-lo em ambulâncias para hospitais de Niterói e Rio.
      Quanto à EDUCAÇÃO está em 63° lugar no ranking entre os 92 municípios fluminenses!!! Nada para comemorar.
      A matéria esta absolutamente certa ao se referir à velha politica do asfalto, da pintura de postes e meios fios e outros apetrechos de decoração. Amigo, esse problema não se resume só a Maricá e sim a todas as cidades da Região dos Lagos no péssimo uso do dinheiro dos royalties Abraços

  4. Meu filho estuda na rede pública de ensino. Nem uniforme recebeu ainda. A escola fica em local de difícil acesso e o ônibus mais quebra do que anda. Em Itaipuaçú não tem bancos, correios, detran… nem sinal de trânsito.

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