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Manual de sobrevivência para os apagões frequentes da Enel em Niterói

Escrito por Gilson Monteiro às 11:18 do dia 7 de fevereiro de 2024
Sobre: Luz de vela
  • Apagões da Enel, Niterói
07fev
Para enfrentar os apagões da Enel, consumidor precisa usar sua energia pessoal

Depois da experiência de ficar sem luz por mais de 40 horas em casa, no bairro de Itacoatiara, acho que passei no teste de sobrevivência na escuridão. Sinto-me agora preparado para enfrentar os muitos apagões que provavelmente virão pela frente em Niterói, porque desde quando assumiu a concessão de distribuição de energia, a empresa estatal italiana Enel não faz o dever de casa. Há anos a empresa não cuida da manutenção nem investe em melhorias na rede distribuidora.

O perigo mora aí, porque com qualquer chuva, vento forte ou sobrecarga a rede ineficiente da Enel pifa. Outra agravante pode ser o aumento do consumo de energia elétrica nesses dias quentes previstos para a semana do Carnaval. O risco de blecaute é grande para milhares de consumidores de todos os bairros de Niterói e São Gonçalo.

A minha penitência na escuridão começou domingo, às 18h15m, quando assistia pela TV uma missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida e faltou energia. Recorri ao celular para continuar acompanhando a celebração ao vivo, pela Rede Aparecida.

Pretendia assistir a segunda etapa de Vasco e Flamengo, mas ainda bem que não joguei meu tempo fora vendo Gabigol perder mais um pênalti.

A todas as vítimas dos apagões, recomendo que tenha sempre em mãos o número de cliente e ligue rápido para o 0800 da Enel. Faça logo a comunicação de falta de luz e anote o protocolo de atendimento para que a empresa não diga amanhã que não tinha conhecimento.

Como pensamos que isso nunca vai acontecer com a gente, não nos prevenimos. Por isso, dou algumas dicas dessa nova experiência que estamos sendo obrigados a viver.

Vendo o caos provocado pelo apagão, lembrei que o Supermercado Real da Avenida Central fechava às 20 horas. Não perdi tempo. Tinha caixas de isopor e comprei gelo em sacos de plástico para tentar salvar o material perecível da geladeira e manter as garrafas com água fresca. Aproveitei também para comprar velas e pilhas para as lanternas.

As lojas estão faturando alto com as lâmpadas LED de emergência, que já viraram objeto de primeiríssima necessidade. Outro aparelhinho de suma utilidade é o power bank, para recarregar a bateria do celular e você não precisar recorrer ao carregador do carro.

Não pode faltar repelente, caso os mosquitos resolvam aparecer no meio da escuridão para zumbir nos seus ouvidos.

Em nenhum momento perdi o fair play e não comentei com ninguém que estava sem luz, porque seria difícil encontrar alguém que já não tenha vivido essa situação.

Para enfrentar o calorão que deixava o corpo muito suado, de vez em quando metia a cabeça debaixo do chuveiro.  Vi que o Multicenter estava com energia e fui lá ver gente, desfrutar do frescor do seu ar refrigerado e para tomar um sorvete. Foi uma forma de desanuviar a cabeça.

Ia esquecendo: na primeira noite de breu total, liguei para o Da Carmine e pedi um tagliatelle ao molho quatro queijos que degustei com meia garrafa de um tinto italiano na mesa a luz de velas, relembrando o século 19, quando não havia eletricidade e o Brasil era mais romântico.

Nessas muitas horas de reflexão chegamos à conclusão – que não deve ser surpresa para ninguém – de que, com o celular funcionando, a sua vida continua iluminada, ligada às pessoas e antenada ao mundo com ou sem a energia negativa da Enel.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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14 thoughts on “Manual de sobrevivência para os apagões frequentes da Enel em Niterói

  1. No condomínio onde moro em Niterói, nem celular funciona, pois sem energia não tem Wi-fi, sinal de celular nem pensar…. Inveja dos vizinhos que geradores….

  2. Belo texto Gilson, parabéns.. trocou as reclamações q já cansamos de fazer, por uma certa ironia à situação e à empresa. Claro, com ares de nostalgia.. hahaahaj
    Parabéns.
    E quanto a ENEL, uma vergonha mesmo.

    1. É verdade, seu texto está maravilhoso!!! Mas nós estamos entregue ENEL que não tem compromisso com ninguém. É uma total falta de respeito . A falta de manutenção está cada vez pior. Não precisa de vento e de chuva que temos apagão. Cresce o número de moradores e o transformador é o mesmo.

  3. Que texto maravilhoso. Uma pena a situação e o sofrimento por causa da Enel – somos reféns deles, né? Mas que texto maravilhoso.

    1. EU FIQUEI 8 DIAS SE. LUZ, COMIDA TODA JOGADA FORA, TUDO QUE ESTAVA NO FREEZER E GELADEIRA, FUI AO FORUM DEI ENTRADA CONTRA AMPLA/ENEL E NO 10o DIA ELES RECORRERAM, EM FIM GANHEI E AINDA NAO LEVEI FUI PARA A DEFENSORIA. E AGORA SÓ DEUS PRA AJUDAR. PORQUE ESTA DIFÍCIL COMPREENDER O DESRESPEITK DA ENEL COM A JUSTIÇA.

    2. Este texto serve para nos mostrar que nunca devemos perder a esperança. Chega a ser poético! Apenas troco a Enel pela Light… que só tomou vergonha depois que a Defensoria Pública entrou na questão.

  4. A Enel e a Águas do Rio são empresas que deveriam ser banidas do Brasil! Nem na época que esses serviços eram fornecidos por empresas estatais, o serviço era tão ruim! É muita incompetência reunida, prestam um serviço péssimo!

  5. Faltava uma matéria como esta, que está excelente, para tocar os brios do prefeito Axel Grael e dos dirigentes da Enel. Obriga-los a, mais do que cumprir as Leis, terem bom senso diante do sofrimento dos niteroienses por causa dos repetidos apagões.. Obrigado, Gilson!

      1. Muda o título para “manual de sobrevivência para QUEM TEM DINHEIRO para enfrentar os apagões da Enel”. Por que a grande maioria não tem condições de fazer o que vc fez ao esperar pela volta da energia.

    1. Excelente texto . Pergunto se a ENEL tem esse mesmo comportamento com os consumidores italianos. Com certeza lá seria outro patamar.

    2. Fiquei com a luz indo e vindo dezembro e janeiro , teve hora que foi e voltou rápido queimou uma tomada, o relogio da minha casa e trifásico caiu uma fase e uma parte da casa está se energia , já reclamei e nada foi feito, minha casa e um sobrado e a água sobe com bomba sem luz a bomba não funciona, fiquei sem água também e a conta da luz chegou o dobro do preço das contas anteriores, Enel vende um um serviço que não existe e crime extorsão.

  6. A ENEL é mais um péssimo exemplo de concessionária que, em vez de melhorar, só veio trazer mais dor de cabeça e escuridão para as nossas vidas. Sinto muita saudade do serviço público em quase todas , senão em todas as áreas, quando bem prestado, dirigido e operado, com bons quadros admitidos em concursos públicos. Que jamais esqueçamos, niteroienses e brasileiros em geral, desse malfadado período que estamos vivendo.

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