Vão custar caro a Niterói as manobras políticas de Rodrigo Neves para se eleger prefeito. Ele resolveu antecipar a escolha da sua vice pelas pressões que começou a receber e também por medo da reação de Axel Grael, que como chefe do Executivo tem a caneta cheia de tinta até o dia 31 de dezembro.
Diante de mais de meia dúzia de nomes interessados em compor a chapa com ele nas eleições de outubro, Rodrigo escolheu Isabel Swan. Assim, agradou duplamente o prefeito Grael ao indicar a velejadora como este sugerira, e também ao atender ao veto demonstrado à candidatura à reeleição do atual vice-prefeito Paulo Bagueira.
Como não existe almoço grátis na política, os experts em eleições acham que não ficou barato o União Brasil aceitar pacificamente a quebra do acordo firmado com o PDT, pelo apoio à candidatura de Rodrigo Neves. A condição inicial era a de Paulo Bagueira ser o vice da chapa.
Mas de repente, conhecidas raposas da política se reúnem num restaurante de luxo no Rio para desfazer o combinado anteriormente durante um solene e midiático encontro em Niterói.
No meio do regabofe carioca o presidente da Alerj, Rodrigo Bacelar (União Brasil), e o presidente do PV, Roberto Rocco, anunciaram Isabel Swan (PV) como a vice de Rodrigo. Isto aconteceu com Paulo Bagueira assistindo ao golpe contra a sua pré-candidatura, apesar de sua fidelidade quando assumiu a prefeitura de Niterói na época em que Rodrigo esteve preso em Bangu.
Tudo isso é preocupante porque não é segredo para ninguém que, desde quando Axel Grael assumiu a prefeitura, quem sempre deu as cartas na mesa foi Rodrigo Neves.
Nos dois primeiros anos da gestão Grael, a máquina administrativa e financeira do município ficou a serviço da candidatura do ex-prefeito ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Nos dois últimos anos, Rodrigo assumiu a secretaria executiva da Prefeitura com força total.
Agora, deixou o cargo de secretário para cumprir o período de desincompatibilização eleitoral, mas com a desistência de Axel Grael postular sua própria reeleição, Rodrigo continua com as rédeas nas mãos. A máquina administrativa e financeira, assim sendo, vai novamente servir a sua candidatura, só que agora municipal.
Niterói tem atualmente 66 secretarias e órgãos, com mais de 10 mil comissionados nomeados, sendo que mais da metade desempenha funções de cabos eleitorais. Imagine-se o que esse grupo que está há 12 anos no poder será capaz de fazer até as eleições de outubro para continuar comandando uma arrecadação de mais de R$ 6 bilhões…
É bom lembrar os escândalos da Emusa, com mais de 1.200 funcionários, a grande maioria fantasmas, muitos deles morando no interior do estado. E mais as obras superfaturadas denunciadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas, sem falar no interminável imbróglio da restauração milionária do Cinema Icaraí, que não sai nunca.
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