Em julho, os militantes do OcupaMinc foram expulsos pela Polícia Federal do Palácio Gustavo Capanema, no Centro e o Canecão passou a ser uma opção viável para que os ativistas continuassem o movimento.
Nenhum artista, das centenas (não é exagero) que passaram pelo palco daquela meca do show brasileiro (e mundial), inaugurada em 1967, teve a dignidade de protestar. Muitos artistas consagrados pensam no próprio rabo, em saldos bancários, em turnês e deixam o resto (Canecão inclusive) no brejo, quase sendo abocanhado pela especulação imobiliária. Que vergonha!
A UFRJ devia tirar a máscara, a cara de pau e devolver o Canecão para quem sabe trabalhar com entretenimento. Simples: é só fazer uma licitação honesta e escolher empresas ou pessoas que saibam fazer gestão de entretenimento com competência, lisura, ética. Mais: a UFRJ pode, ainda, garantir uma boa grana.
Tempos atrás O Globo publicou reportagem de Luiz Fernando Vianna, intitulada “Fechado há 15 meses e nas trevas, Canecão procura nova luz” que dizia: “Só há três focos de luz no Canecão: dois sobre o palco e um à esquerda de quem entra naquela que, até ser fechada, em outubro de 2010, era a mais famosa casa de shows do país. O desligamento quase completo da energia é necessário, pois as infiltrações tornam o espaço vulnerável a curtos-circuitos — como já aconteceu. Chuvas fortes provocaram a queda de telhas, molharam o célebre salão e vêm derrubando o revestimento acústico de polipropileno, origem do forte cheiro de mofo.” (…)
Dona do terreno, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu reavê-lo em 2010, após longa batalha judicial com o empresário Mario Priolli, que fundou o Canecão em 1967 e era inquilino da instituição. Mas ainda não superou dois empecilhos à reabertura: os problemas judiciais de Priolli e as divergências internas quanto a como geri-la.
Quando a Justiça determinou a reintegração de posse, o empresário paulistano, neto de italianos, foi embora e deixou para trás mesas, cadeiras, o sistema de ar-condicionado e outros bens (depauperados). Eles foram penhorados como garantia, já que são muitas as dívidas de Priolli. Enquanto as pendengas não forem resolvidas, a UFRJ não pode usar os equipamentos nem se desfazer deles.”
A Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj), cuja diretoria tem filiados a partidos como PCB, PSTU e PSOL, é contra a parceria com setores privados e pede um “projeto cultural para a cidade com cara própria, inovadora”, segundo seu presidente, Mauro Iasi. Mas muitos professores, como representantes de Letras, da Casa da Ciência e da Editora da UFRJ, aprovam a entrada de recursos externos, embora a gestão deva ser pública.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ — cujo leque partidário inclui PT, PDT e PSB — está afinado com a Adufrj e diz que basta “vontade política” para dinheiro federal ser injetado no Canecão. Há quem considere saudável a abertura nos fins de semana para eventos comerciais, mas todos defendem controle público, para que eventuais receitas externas fiquem na UFRJ.
Papo aqui, papo ali, muita enrolação, e o Canecão jaz apagado, largado, chutado para escanteio. Até quando?
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