Muitos moradores de Itacoatiara estão desesperados com a invasão do bairro por hordas de marginais, muitos disfarçados de banhistas. Segundo O Globo, para tentar conter a violência, a Sociedade de Amigos e Moradores de Itacoatiara (Soami) quer controlar o acesso de veículos ao bairro com a instalação de uma cancela para cadastrar quem entra e quem sai. No passado já foi assim e deu certo.
De acordo com o Globo, no mês passado, bandidos renderam uma empresária que mora no bairro. Ela teve o carro fechado por outro veículo na Rua Matias Sandri, próximo à praia. Um bandido desceu do automóvel e levou todos os seus pertences.
— Foi muito rápido. Eu só consegui tirar as minhas filhas do carro. Ainda bem que deu tempo — lembra.
Há cerca de três meses, Luciana Merhi, que trabalha como gerente em uma lanchonete no bairro, também foi assaltada no ponto de ônibus próximo ao DPO, por volta das 23h.
— Eram três bandidos num (carro de modelo) Ônix preto. Eles estavam armados com um fuzil. Roubaram a mim e mais duas pessoas no ponto. Até chegar lá fora, eles fizeram mais umas cinco vítimas. Foi um arrastão! — afirma.
Itacoatiara fica a cerca de 20 quilômetros do centro de Niterói. Ainda é um bairro bucólico, cheio de árvores, pássaros, casas clássicas, crianças brincando nas ruas de terra batida. Foi a paz deste pequeno bairro que atraiu um pequeno grupo de pessoas para lá, nos anos 1950. Por causa da abundância de verde, a temperatura média é de dois graus a menos do que em Icaraí.
Em busca de paz, silêncio, qualidade de vida, essas pessoas aproveitaram que a praia tem mar bravio, instável, difícil (o que espantava os banhistas) e construíram seus sonhos por lá. Distante, selvagem, Itacoatiara vivia a sua vida tranquila, sua praia frequentada basicamente por surfistas e moradores de Niterói e contava com a vigilância constante, implacável e extremamente necessária de uma associação de moradores atuante.
O sonho acabou. Invadido por horas de baderneiros em dias de sol, o bairro hoje convive com problemas graves como assaltos e invasão de residências e também com a presença constante de marginais que permanecem vagando por lá até a madrugada, muitos bêbados, “tocando terror” como se diz no dialeto dos noticiários policiais.
Urinam e defecam nas calçadas, jogam futebol na areia tirando a paz dos outros banhistas, ouvem música de péssima qualidade em alto volume enlouquecendo os moradores e outros frequentadores que, em busca de sossego, estão evitando aquele belo lugar.
A Prefeitura? Nada faz. Nenhum guarda municipal é visto no bairro e a única medida tomada foi faturar mais: proibiu o estacionamento em várias ruas e acionou a milionária indústria do reboque de carros.