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Inflação sobe ao palco do Teatro Abel

Escrito por Gilson Monteiro às 16:50 do dia 28 de maio de 2019
Sobre: Fecha o pano
28maio

O maior teatro de Niterói pode ficar sem programação porque a Rede La Salle no Brasil, mantenedora do Colégio La Salle Abel resolveu aumentar o valor do aluguel da casa,  reajustando-o em até 650 por cento para peças infantis (passa de R$ 800 para R$ 6 mil por dia; e para espetáculos adultos, a diária sobe de R$ 2,1 mil para R$ 9 mil). Segundo produtores teatrais, essa tabela inviabiliza a montagem de qualquer peça nesse teatro, mesmo aquelas que são sucesso de bilheteria.

O Teatro Abel, inaugurado em 1986, tem 500 lugares e seu quadro de pessoal é formado por dois bilheteiros, um técnico de luz e som, um porteiro e um faxineiro. Segundo a Rede La Salle, ela rescindiu o contrato com uma empresa que intermediava as locações, passando ela própria a cuidar do aluguel do espaço “por um preço condizente com os custos operacionais de uso do teatro”.

Os produtores teatrais, por sua vez, dizem que já têm grandes despesas com o pagamento de direitos autorais ao Ecad e à Sbat; com a locação de equipamentos de som e de luz; técnicos e atores, além do custeio de hospedagem, alimentação e transporte de artistas.

Para o segundo semestre, o Teatro Abel tem somente programada uma temporada de balé, acertada com escolas de Niterói desde o ano passado. Até o mês que vem apresentará duas peças infantis (“Aladin” e “O Rei Leão”) e dois espetáculos para adultos (“A vida é uma piada”, com o humorista Nil Agra; e “Sem cerimônia”, com a jornalista Fernanda Gentil).

Inaugurado pelo irmão Amadeu, de saudosa memória, estreando há 33 anos a peça “Fedra”, com Fernanda Montenegro, o Teatro Abel faz parte do circuito teatral do Rio, sendo importante para Niterói pela montagem de grandes produções na cidade. Foi criado visando incentivar o movimento cultural da escola e de Niterói, servindo de palco também para os grandes eventos lassalistas, como formaturas e peças encenadas pelos alunos, além de abrir espaço para outros colégios e faculdades.

O complexo La Salle de Niterói, dirigido hoje pelo irmão Jardelino Menegath, é uma instituição filantrópica, que goza de incentivos fiscais. O terreno que a instituição ocupa na Avenida Roberto Silveira foi doado aos lassalistas em 1955 por Edmundo de Macedo Soares, governador do antigo Estado do Rio de Janeiro, como incentivo à educação e à cultura niteroiense.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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11 thoughts on “Inflação sobe ao palco do Teatro Abel

  1. Gente, owue isso essa administração está louca. Nós niteroiense estamos revoltados com aumento abusivo. Acorda administração.

  2. Para saber se é realmente uma readequação ao mercado, basta pesquisar o preço de outros teatros.
    Mas 800 reais pelo aluguel do espaço para exibir uma peça infantil me parece muito pouco, talvez nem pague o custo de limpeza e manutenção por parte do Abel.

    1. O valor anterior estava bem baixo … O funcionamento do teatro movimenta a parte adm. da escola: luz, água, portaria, segurança, estacionamento, ….

  3. Um aumento assim cria uma ruptura no processo de desenvolvimento da economia criativa, destruindo qualquer planejamento. Concordo que possa haver um aumento e um planejamento para isso. A ação mostra que o querido gestor da amada instituição não tem sensibilidade para ver que uma das escolas particulares mais importantes do município gozam de uma série de benefícios, isenções tributárias comum papel importante de retorno para a sociedade em diversas dimensões. Adicionalmente, embora seja uma instituição de educação que ofereça cursos de administração e até produção cultural, encontra-se descompassada da importância de seu papel enquanto centro de referência em cultura e de importante retorno à sociedade. Os professores da instituição são chaves para aconselhar esta gestão. Triste com isso e sempre pronto para ajudar com apoio da imprensa que chama atenção para o bom senso.

    Pergunto se, realmente, os leitores, administradores e o público acham que os produtores e grupos de teatro estão se enchendo de dinheiro, como vi no comentário abaixo? Teatro não é Banco! A realidade que conheço é bastante dura! Cultura à deriva!

    Concordo com um reajuste para cobertura de custos de manutenção que seja projetado, progressivo e adequado à realidade do segmento de cultura, sem criar um ruptura na economia criativa da cidade que enfrenta a difícil e constante tarefa de formação de público de atividades culturais. Que seja contraposto com o valor de arrecadação da instituição, seus incentivos e benefícios e seu papel social em Niterói. Numa ação de transparência improvável, porque estes números não são apresentados à sociedade? A instituição está em risco financeiro? Niterói está sempre disposta a estender a mão a quem precisa!

  4. Perder o espaço de cultura mais importante da cidade será uma pena,
    espero que a nova direção tenha sensibilidade e não feche o teatro Abel

  5. Sou niteroiense, acontece que o tiro saiu pela culatra, o Abel e um dos colegios nais caros de Niteroi meus filhos estudaram la, e conheço bem do andamento por la, se tem dinheiro participa tudo e pago esse sr Macedo deve estar se virando no tumulo.

  6. Parece que a percepção de que esse é um espaço para ser compartilhado de forma generosa, sem ganância, retribuindo o gesto do passado recebeu gratuitamente esse espaço nobre da cidade, ficou perdida no passado!

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