É lamentável o “estado de saúde” do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). Outrora símbolo de excelência médica e referência nacional em atendimento de urgência, hoje estampa em sua entrada um cartaz que sintetiza o colapso silencioso da saúde pública em Niterói. O comunicado praticamente fecha as portas até para pacientes oncológicos que ali fazem tratamento ambulatorial, mas que, por alguma intercorrência, venham a necessitar de internação.
O HUAP, hoje administrado pela EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), orienta pessoas em estado grave, submetidas a quimioterapia e cuidados hematológicos, a procurar atendimento em unidades como UPAs ou SPAs — locais que não possuem estrutura adequada para casos de alta complexidade. A ordem da direção é clara: antes de buscar o hospital, o paciente deve tentar o CPN ou uma UPA. O resultado? Esperas indefinidas por vagas e risco iminente à vida.
O comunicado informa que o HUAP está sem reagendamento. A orientação? Que os pacientes busquem auxílio em canais alternativos como o site do INSS ou o telefone 135. Uma mensagem burocrática que ignora o drama humano por trás de cada paciente que ali chega em busca de socorro.
O HUAP não era apenas um hospital. Era a maior escola de aprendizado para os futuros médicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), um espaço onde o conhecimento se encontrava com a prática, e onde vidas eram salvas diariamente. Desde que passou à gestão da EBSERH, o número de leitos caiu drasticamente, as cirurgias foram reduzidas e o atendimento ambulatorial encolheu. O que permanece é a dedicação heroica de médicos, enfermeiros e funcionários, que se desdobram para oferecer um atendimento digno em meio ao sucateamento.
O número de pacientes referenciados pelas unidades básicas de saúde aumentou significativamente, mas o hospital não acompanhou esse crescimento com a expansão necessária. Faltam salas de ambulatório, leitos de enfermaria e centros cirúrgicos. A estrutura física do HUAP clama por investimentos urgentes. Como UNACON (Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), o hospital tem obrigação legal de oferecer cuidado integral aos pacientes oncológicos — uma responsabilidade que está sendo negligenciada.
Que o HUAP volte a ser o hospital do tempo em que os próprios doutores carregavam em seus bolsos uma recomendação: “Em caso de socorro médico, leve-me para a emergência do Antonio Pedro”. Hoje, a imagem de Hipócrates na fachada do hospital, de braços abertos, tornou-se um símbolo melancólico de um ideal que se esvai. É urgente que a UFF retome o compromisso com o Antônio Pedro, não como um projeto secundário, mas como prioridade absoluta na defesa da saúde pública.
O HUAP precisa voltar a ser o que sempre foi: um hospital de portas abertas, onde a ciência, a compaixão e a dignidade caminham juntas. Até lá, cada cartaz colado na parede será um lembrete de que vidas estão sendo deixadas à própria sorte.
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