O Hospital Antonio Pedro, que já foi um grande formador de excelentes médicos em Niterói, há cinco anos administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reduziu o número de leitos, de cirurgias e de exames. Segundo professores da Faculdade de Medicina da UFF, isto está restringindo o ensino universitário em todas as áreas de saúde.
O Huap que já teve 450 leitos, tem hoje menos da metade disponíveis. A Ebserh teria que repor pessoal após um ano da vigência do contrato com a UFF e reabrir os leitos fechados. Hoje o hospital universitário tem em funcionamento 160 leitos, menos do que as 200 vagas informadas à Secretaria Municipal de Saúde de Niterói.
Adauto Dutra Moraes Barbosa, diretor da faculdade, disse em e-mail enviado a um professor que a escola está “recorrendo aos poucos a outros locais para ensino”. Afirmou que a Ebserh “apenas cumpre o que está acordado com as secretarias municipal e estadual de saúde; assim, o que interessa à formação médica básica inicial corre sério risco de não ser mais visto lá dentro”.
Em julho, o ex-reitor da UFF Roberto Salles denunciou, em reunião do Conselho Universitário, o descumprimento do contrato da Ebserh com a universidade. A empresa que assumiu fazer a gestão gratuita do Antonio Pedro, estaria deixando de contratar pessoal, levando ao fechamento de leitos.
Qualidade do ensino prejudicada
Haberland Lima, com a experiência de 35 anos como professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da UFF e uma vida inteira dedicada ao Antônio Pedro, do qual foi diretor médico por muitos anos, diz que a qualidade de ensino está sendo prejudicada pela Ebserh.
– Desde que assumiram a administração do Huap diminuíram o número de leitos e de ofertas de serviços (realização de menor número de cirurgias e de exames), deixando os professores com um campo restrito de ensino em todas as áreas de saúde, dificultando o aprendizado e o treinamento dos alunos de graduação e pós-graduação, como a residência médica – aponta o professor Haberland.
Lamenta o ex-diretor médico do Huap que a Ebserh “não entendeu que o Huap é, antes de tudo, um hospital de ensino e formador de recursos humanos para o SUS (Sistema Único de Saúde)”.
Obrigando a Faculdade de Medicina a procurar novo campo de ensino para seus alunos em Niterói ou em outros municípios do Estado, a Ebserh acabará prejudicando a qualidade do ensino.
– Ocorre que, com esse deslocamento para os hospitais estaduais, municipais e até da rede privada, os alunos vão ficar sem ensino dos verdadeiros professores, aqueles que não têm vinculação com a atividade fora da sua área de atuação na UFF – conclui Haberland Lima.
Essa mudança de local das aulas práticas é confirmada pelo diretor da Faculdade de Medicina. Adauto Barbosa lamenta que “dentro do Huap ficará o que interessa mais à Ebserh do que aos alunos”.
UFF perdeu capacidade de gerir o Huap
A mudança de gestão do Antonio Pedro para Ebserh não precisaria acontecer se a UFF tivesse tido capacidade de gerir o principal hospital-escola público de Niterói. Criada em 2011, a Ebserh é uma empresa pública unipessoal, ou seja, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União.
Vinculada ao Ministério da Educação, tem como finalidade prestar serviços de assistência à saúde de forma integral e exclusivamente inseridos no âmbito do SUS, observando a autonomia universitária. Esses serviços incluem o apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. Hoje já são mais de 50 hospitais universitários sob a gestão da Ebserh.
A empresa recebe recursos federais via ministérios da Educação e da Saúde; do SUS e até de convênio com a prefeitura de Niterói. Por isso, deveria reabrir os leitos do Huap fechados há anos; contratar pessoal e ampliar o atendimento médico à população, conjugado com o ensino da Medicina, este por conta da UFF.
Faltou na contratação da Ebserh a inclusão de uma cláusula que a obrigasse a reabrir o até hoje fechado pronto-socorro. Era uma unidade de referência em Niterói, que salvou muitas vidas desde o incêndio do circo, em 1961.
Tristeza ver o que se tornou o Huap.
Sem qualidade de atendimento, os médicos até querem fazer alguma coisa mas são engessados pela péssima administração. Meu setor realizava em média 24 exames por dia e hoje no máximo 12.
Rjus oprimidos, sem voz e sem vez.
Está difícil trabalhar com essa gestão. Claro que tem política por trás . Vergonhoso.
Não se iludam, o pano de fundo do texto mira a campanha para reitor em 2022. Na década de 90 e nos anos 2000 o hospital vivia lotado, atendimento péssimo e carregando os municípios nas costas. Hoje ele voltou a ser um hospital escola.
Tenho a impressão que essa tal de EBSEH ,seja uma empresa onde políticos tem seus tentáculos, se for fazer uma avaliação hoje o que tem de ONGS gestando a saude pública com aval de governos não esta no gibis, entram dis que esta fazendo isso é aquilo nos postos de saúde e hospitais, mais no fundo esta se benificiando do dinheiro público que cai nas contas dessas ONGS e elas beneficia os políticos que o ajudaram a ganhar concorrência (?) Basta vê o que esta ocorrendo no município do Rio.
Quem conheceu o Hospital Antônio Pedro antes da EBSERH só tem a lamentar, seu pronto socorro, apesar de estar sempre lotado, tinha um grupo de trabalho altamente qualificado e que foi referência no estado e contituia um imenso campo de aprendizado para os estudantes. Espero que os gestores da UFF enxerguem o erro que cometeram e coloquem o hospital no patamar que ele merece.
Lamentável vê a situação atual do Hospital Universitário Antônio Pedro.
O maior hospital, de referência em Niterói. A emergência, era superlotada.
sim !
Mas tínhamos, médicos, e profissionais de enfermagem qualificados.
Que temos hoje?
Hospital sucateado, com profissionais novos inesperientes, e médicos que não aprendem nada , como antes com a emergência aberta.
Nós meus 43 anos, dentro da universidade.
Fico imaginando, qual vai ser o futuro do hospital, a beira de um colapso. Desde a entrada da EBSERH, nosso hospital era falido. Muito triste, ver acabar ,os ensinos pesquisas e extensão. Esperamos que volte o nosso hospital de antigamente.
A emergência na gestão com a prefeitura era caos, corredores superlotados de pacientes, falta de insumos básicos e medicações. E inacreditável pedir para a emergência, se o azavedo lima que tem a obrigação de disponibilizar vagas. Quanto a ebersh péssima, insegerente.
Concordo plenamente. E os RJU sendo negligenciados e sem voz.
Decadente a olhos nus, é decepcionante ver hoje um Hospital-Escola, que formou e manteve uma equipe de alta competência, estar sob a administração de uma empresa que pouco se preocupa com a formação de alunos nas fase acadêmica e pós-acadêmica com consequências imediatas na população carente na área de saúde. Mais decepcionante ainda e sabermos que alguns, que lá ainda administram e/ou permitem essa continuidade, são servidores da UFF, ou seja, cúmplices dessa decadência.
Trabalho no HUAP há 30 anos , fora o tempo de faculdade e infelizmente concordo que ocorreram muitas mudanças , a maioria para pior, não condizentes com as necessidades da população da região Metropolitana II. Sofremos nós os servidores, sofre a população . Tenho esperança de ver dias melhores…
Exames imprescindíveis como eletroencefalograma não é nmais feito por falta de profissionais capacitados.
Uff sendo Uff…
Há tempos , diga de passagem!!
Essa política urgentemente necessita mudar para o sistema Universitário Antônio Pedro.
Era o melhor hospital do Estado do Rio de Janeiro, com todas as possibilidades de ensino, excelente professores, e todo tipo de pacientes para formar médicos capacitados com experiência comprovada por digníssimos professores.
Não deixem a burocracia esvaziar o HUAP. Os profissionais bem formados são valiosos por toda vida!!!!
Hospital Escola de uma Universidade Pública não pode fazer jogo com o mercado de Saúde. A formação acadêmica desses profissionais tem objetivos sociais claros. O resto é especulação de um ministério hoje voltado para o lucro. Um absurdo!
Lastimável. Trabalhei lá por37 anos como farmacêutica nu época melhor. Excelentes médicos, profissionais da enfermagem, farmacêuticos dedicados, etc… fico na torcida que tudo se restabeleça e volte a ser o que já foi um dia. Sou imensamente grata por ter feito parte do staff do HUAP um dia. Um abraço Gilson.
É uma pena o Antônio Pedro hospital escola de referência em Niterói. Que absurdo a universidade deixar isso acontecer por incompetência