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Hospital Antonio Pedro mantém pronto-socorro fechado e afasta estudantes

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De braços abertos no Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) somente Hipócrates, o pai da Medicina, esculpido na fachada. Em 2016, o Huap passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Esta, em vez de reabrir a emergência para o público, tem dificultado ao máximo o atendimento de pacientes.

O contrato da Ebserh com a UFF previa a obrigatoriedade de o novo gestor do hospital apoiar o ensino universitário. Na véspera do completar 70 anos, o Antônio Pedro vê o atendimento de pacientes diminuir. Com menos consultas, exames e cirurgias, o Huap, além de estar com apenas 160 leitos quando já teve 450, vai acabar com a residência médica da Faculdade de Medicina da UFF.

Adauto Dutra Moraes Barbosa, diretor da faculdade, disse em e-mail enviado a um professor que a escola está “recorrendo aos poucos a outros locais para ensino”. Afirmou que a Ebserh “apenas cumpre o que está acordado com as secretarias municipal e estadual de saúde; assim, o que interessa à formação médica básica inicial corre sério risco de não ser mais visto lá dentro”. Adauto lamenta que “dentro do Huap ficará o que interessa mais à Ebserh do que aos alunos”.

Já foi o tempo em que os médicos andavam com um cartão no bolso onde estava escrito: “Em caso de acidente me leve para a Emergência do Antônio Pedro”. As paredes dos corredores eram sujas, tinha lâmpadas queimadas, mas o hospital naquela época funcionava a pleno vapor. O Pronto Socorro aberto era referência na região. Médicos, enfermeiros, residentes e estudantes eram preocupados em curar pessoas e salvar vidas.

Por ocasião do incêndio do circo Gran Circo Norte-americano, em dezembro de 1961, o Antônio Pedro, pertencente à Prefeitura de Niterói, estava fechado há 20 dias. Foi reaberto emergencialmente pela tragédia. Em seguida, o hospital foi cedido pelo município ao Governo Federal para funcionar como Pronto Socorro e Hospital Escola dos cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Farmácia e Serviço Social. Assim, formou gerações de grandes profissionais dessas áreas, durante seis décadas.

Hoje, nas mãos da Ebserh, o Huap anuncia uma outra tragédia: os futuros doutores vão perder o local apropriado para a verdadeira medicina prática, assim como os professores vão ficar sem um hospital de excelência para ensinar Medicina aos alunos.

Se isso acontecer o Antônio Pedro, vai ter que tirar a palavra universitário de seu nome. A UFF terá também que devolver o prédio à prefeitura, já que está se alterando o objeto da doação.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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