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Há 48 anos Niterói perdia o status de capital, sofrendo esvaziamento político

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O Palácio do Ingá virou museu dois anos depois da fusão do Estado do Rio com a Guanabara

O dia 16 de março de 1975 foi marcante para Niterói que, nesta data, perdia o status de capital com a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara sacramentado pela posse de Faria Lima, um almirante nomeado governador pelo então presidente Geisel.

O esvaziamento da cidade foi logo sentido com a desativação do Palácio do Ingá, onde despachava e morava o chefe do Executivo fluminense. Foram, ainda, para o outro lado da baía a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, o Ministério Público, e os comandos da Polícia Militar e dos Bombeiros, além dos órgãos e secretarias que compunham a estrutura de Estado.

Acompanhando a debandada governamental, muitas empresas seguiram o mesmo caminho. Outras, como os grandes jornais do Rio, fecharam escritórios e sucursais. Advogados e muitos profissionais liberais transferiram seus escritórios para ficar junto do mundo jurídico que se centralizou na antiga Guanabara.

Com um monte de prédios desativados após a transferência da capital, foi também significativa a queda de movimento de gente nas ruas. Moradores dos outros 63 municípios do antigo Estado do Rio que tinham negócios na capital Niterói, ou que buscavam serviços da burocracia estadual, foram também obrigados a atravessar a baía.

O comércio instalado no centro de Niterói foi o que mais sentiu o baque com a queda das vendas. A Rua da Conceição foi a mais atingida. Ali pontuavam lojas de roupas da moda e havia um pequeno polo gastronômico, onde se destacava o Restaurante Monteiro, com seu cardápio variado e bem temperado, com leitão, carne de tudo que é jeito e acompanhamentos, vários tipos de filé, peru, peixes e frutos do mar. O restaurante reunia a nata da política, do empresariado e da sociedade. Era um reboliço quando chegava o deputado Tenório Cavalcanti, que sentava sempre de frente para rua vestindo uma capa preta cobrindo a inseparável Lurdinha, uma mini metralhadora.

Outra casa muito frequentada na época, era a Leiteria Brasil, com lanches imbatíveis, a coalhada, o pão Petrópolis, os mingaus… O café da manhã, o almoço, o chá da tarde e até o jantar eram imperdíveis nesse point de encontro das mais variadas tribos niteroienses que ali se reuniam para bate-papo e acertos políticos.

Do outra lado da rua havia A Sportiva, que tinha os salgadinhos mais gostosos e sempre fresquinhos expostos num balcão de vidro. Existia ainda o Bar Municipal onde se tomava um cafezinho em pé. Seu restaurante servia testículos de boi e rã à milanesa, acompanhados do chope da Brahma bem gelado. Não esqueço também da Italiana, que vendia uma pizza em pedaços com molho sugo por cima, agradando à distinta freguesia.

Restou, 48 anos depois, a garra da brava gente da terra do cacique Arariboia para resistir a esse terremoto constitucional, mantendo a antiga cidade sorriso e honrando a tradição da velha província.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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