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Grael gasta milhões com saúde que Niterói só encontra em hospitais estaduais

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Pacientes que deveriam ser atendidos pelo hospital municipal Carlos Tortelly são mandados para hospitais estaduais

O prefeito de Niterói, Axel Grael, está gastando, este ano, R$ 385,8 milhões do Fundo Municipal de Saúde com o pagamento das organizações sociais que contratou para a gestão dos hospitais municipais Carlos Tortelly, Getulinho e Oceânico e a UPA Mário Monteiro. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Saúde de Niterói sobrecarrega dois hospitais estaduais – o Azevedo Lima, no Fonseca; e o Alberto Torres, em São Gonçalo – com os pacientes que deixa de atender.

Enquanto a rede municipal sofre com falta de médicos e de medicamentos, a Secretaria de Saúde de Niterói usa o Sistema Estadual de Regulação (o SisReg) para transferir doentes aos hospitais estaduais. Para lá vão inclusive pessoas que necessitam, em muitos casos, apenas de pequenos procedimentos de urgência. A Central de Regulação Municipal opera precariamente, com planilhas preenchidas a mão, enquanto a Fundação de Saúde de Niterói anuncia que vai modernizar o serviço.

Com o pronto-socorro do Antonio Pedro fechado há mais de dez anos pela direção do hospital administrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e com o vizinho Carlos Tortelly com falta de médicos e de insumos, muita gente acaba recorrendo aos hospitais Azevedo Lima e Alberto Torres, por conta própria.

A pressão por assistência médica na rede pública só não é maior porque 60 por cento dos moradores de Niterói são beneficiários de planos particulares. Um dado importante, visto que a média nacional de segurados de operadoras de saúde é de 25 por cento da população brasileira.

O Azevedo Lima atende hoje a 800 pacientes por dia, sendo cerca de 480 niteroienses. Segundo médicos do hospital estadual, a grande maioria é paciente clínico, que deveria ser atendido pela rede municipal, deixando espaço para o Azevedo Lima e o Alberto Torres atenderem casos de alta complexidade e acidentados graves.

O Alberto Torres, no Colubandê, vem recebendo muitas crianças e adolescentes encaminhados pelo Hospital Infantil Getúlio Vargas Filho. Apesar de a Prefeitura haver entregado desde 2013 a gestão do Getulinho para a Organização Social Ideias, pagando este ano a ela R$ 61 milhões, esta manda até pequenas suturas para o hospital estadual fazer.

A Ideias afastou cinco competentes cirurgiões do quadro da Secretaria Municipal de Saúde, e no lugar deles contratou três médicos que vêm deixando os menores aguardando por uma cirurgia em uma fila sem fim.

O Alberto Torres é hoje uma referência estadual em casos mais complexos, além de prestar excelente atendimento especializado, principalmente na área ortopédica. Atende com carinho e atenção as crianças que poderiam perfeitamente serem atendidas no Getulinho. Muitos menores não ficam sem atendimento médico graças também aos pediatras que trabalham em uma UPA estadual instalada no Fonseca, que vêm recebendo pacientes do Getulinho.

A Coluna confia que a Promotoria da Saúde do Ministério Público, que fica em São Gonçalo, vai atravessar a divisa para coibir os desmandos e o esquema corrompido e milionário da Prefeitura de Niterói que deixa a população sem assistência à saúde, apesar desse direito ser garantido pela Constituição Federal.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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