Sei que hoje, finalmente, deve estar frio. A meteorologia previu a chegada de uma massa polar após dias infernais de calor, secura, gramados amarelos, cheiro de queimado e de cocô de cachorro empesteando muitas ruas da cidade. Da para ver que passou a moda elegante de recolher o cocô dos pets das calçadas, colocar em um saquinho plástico e depois jogar no lixo. Parece que muita gente ligou o “exploda-se”.
O inverno se tornou uma movimentação atípica, como diria a Coaf. Não é normal fazer 35 graus no começo de julho, noites abafadas, gente vagando de mau humor, janelas escancaradas como se a vida não passasse de um inclemente janeiro. Só faltaram a tanajura, cigarra e o bem-te-vi.
Há quem acredite que o tal El Niño está causando esse tumulto climático no mundo, quando está obvio que é tudo provocado pelo aquecimento global, até a existência do próprio El Niño. O desmatamento na Amazônia cresceu 60% em junho e fica por isso mesmo? Esse calorão, esse fogo no rabo são mera coincidência? Claro que não.
Em junho e julho era comum a temperatura mínima chegar a 15. Leio aqui nos arquivos artigos que escrevi sobre o frio que dizem isso. Além do frio as ressacas de inverno também desapareceram. Até da Itapuca que já foi um epicentro do surfe aqui na cidade. E o inverno sempre foi a estação de ondas.
Lembro bem. Num inverno dos anos 1960 era um inquieto guri que morava na Alvares de Azevedo e logo de manhã ouvi um alarido. Pessoas assustadas com uma ressaca (a mais forte que vi) fez as ondas chegarem a esquina de Alvares de Azevedo com Moreira Cesar.
Ninguém conseguia atravessar para o Rio porque não existia a ponte e foi suspenso o serviço de barcas. As portarias de prédios e casas na Praia ficaram inundadas. Acho até que a garagem de barcos do Clube Regatas foi engolida pelo mar.
Lembro de um sujeito carregando uma tainha enorme que apareceu na calçada, em frente ao Cinema Icaraí, e um cardume de cocorocas foi parar perto do atual Chalé, na esquina da Praia com Miguel de Frias. Botos em profusão nadando rente a praia o que não dava para entender. Botos gostam de águas mansas e costumavam passear pela beirada das praias de São Francisco e Icaraí em dias de mar manso. Crianças, achávamos que botos eram do bem, que quando viam alguém se afogando empurravam dando cabeçadas mas Pica Pau, um entregador de quentinhas mau pra caramba, dizia que eles empurravam porque tentavam abocanhar mas não conseguiam. Quando os botos apareciam todo mundo sumia do mar.
Uma vez entrevistei um engenheiro que garantiu que as ressacas diminuíram muito porque fizeram um aterro na praia de Icaraí, o que aumentou a faixa de areia. Sinceramente, não lembro dessa obra. Houve, sim o “Aterro Praia Grande”, um projeto megalomaníaco que previa a expansão de Niterói para o mar através de um aterro, mas apenas entre o Centro e Gragoatá. A obra foi iniciada pelo governo do estado, tanto que o Bay Market, Teatro Popular e toda aquela área, mais os campi da UFF no Gragoatá foram construídos em área de aterro, mas essa é uma outra história que contarei aqui.
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@ Erasmo Carlos, vai ser apresentar sábado, dia 13, no Teatro Municipal de Niterói. Show só com piano e voz Detalhes aqui: https://bit.ly/2J9DN0a .
@ A Orquestra Sanfônica do Rio de Janeiro apresenta uma homenagem a Gonzagão neste fim de semana no Teatro da UFF. Detalhes aqui: https://bit.ly/2XJzNvr
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