Publicidade
Coluna do LAM

Explosão. Já somos mais de 17 milhões de fluminenses

Publicidade

O Estado do Rio está virando uma gigantesca cabeça de porco graças a explosão populacional (que as autoridades negam), o inchaço doente da região metropolitana (que as autoridades negam), o descontrole total das ocupações irregulares (as autoridades negam), florestas derrubadas, rios e riachos transformados em esgoto (as autoridades negam).

A Constituição de 1988 criou a esbórnia da proliferação de novos municípios. Foi a infestação de emancipações que multiplicou a corrupção, santificou a incompetência, lambeu a mão da desordem e da degradação. De lá para cá nasceram nada menos do que 1.438 novos municípios no Brasil, de acordo com o estudo de Fabricio Ricardo de Limas Tomio, “A criação de municípios após a Constituição de 1988”, publicado na Revista Brasileira de Ciências Sociais, em 2002.

Pode ser que haja censo este ano, previsto para o período de agosto e outubro. Não sei se com a pandemia a data está mantida ou vai haver cancelamento ou adiamento. O último foi em 2010. O IBGE é uma instituição séria e, por isso mesmo, estava sem dinheiro para fazer o censo. O dinheiro apareceu, marcaram a data e vão fazer. Como a suposta manipulação das informações do censo (ilação minha) atende aos desejos eleitoreiros de ocasião, censo e disco voador existem de acordo com os humores de quem os avista.

Pois o IBGE estima que hoje no Estado do Rio estão entulhadas (a palavra é esta) 17 milhões, 264 mil, 943 pessoas. Só como referência, a população da Bélgica é de 11 milhões, Portugal, 10 milhões, Suíça, 8 milhões e Países Baixos, 16 milhões.

São mais de 17 milhões de pessoas que precisam comer, trabalhar, morar, estudar, ter acesso a saúde, dignidade. Para que o patamar populacional se mantenha num nível razoável há quem defenda o controle da natalidade. Em geral é linchado. Controlar a infestação humana do Estado do Rio significa dar um tombo no faturamento dos mercadores de fé, que impulsionam o fundamentalismo religioso e cortar as intenções dos compradores de votos, prejudicar fundo eleitoral/partidário, atrapalhar coligações e outras rasteiras de praxe.

O abscesso populacional exige a construção de mais escolas, mais hospitais, mais casas, tem que haver mais água, mais comida, mais remédios, mais empregos. Em quantidades que jamais conseguem satisfazer a demanda porque a demanda não para de inchar, tornou-se infinita. E tome mais escolas, mais hospitais, tome mais corrupção.

Depois de décadas assistindo o êxodo rural, a situação no Estado do Rio inverteu. O que restou de muitas cidades largadas a própria falta de sorte no interior foi invadido pelo tráfico, milícias, bandos. Regiões que produziam agricultura foram esvaziadas e hoje registram criminalidade assustadora. Além do êxodo, a destruição do meio ambiente levou a seca a muitas áreas onde hoje em se plantando nada dá. Até segunda desordem, seca é sinônimo de miséria.

Já a miséria, em todos os seus aspectos e versões é a grande responsável pelo fato do Estado do Rio ostentar uma vergonhosa posição de recordista latino-americana de ex-governadores hóspedes de presídios. Cinco ex-governadores foram presos nos últimos três anos. O atual está afundado em denúncias e vai enfrentar um processo de impeachment.

Em muitos municípios houve ou há denúncias de corrupção provocadas, basicamente, pela degradação da política que é um dos reflexos da explosão populacional. Gente demais, educação ruim, manipulação geral, votos comprometidos. Daí o avanço das milícias como cabos eleitorais, o crescimento do fundamentalismo religioso e a eleição de gente vil, déspotas que muitas vezes surgem do nada e chegam ao poder. Foi tudo devidamente nivelado por baixo.

Há exceções. Gente que luta por ações eficazes de planejamento familiar para tentar segurar a explosão demográfica e também pela desinfecção da política formal contendo a voracidade do toma lá cá, acabando com as famigeradas coligações partidárias.

Fundamental acabar com os fundos eleitorais e partidários, bilhões de reais arrancados do orçamento público que vão para as mãos de quem só se interessa em fazer política para enriquecer. Com essa dinheirama circulando (e se multiplicando) alguns partidos viraram bordeis eleitoreiros que cobram alto por uma filiação; braços e pernas abertas para a desqualificação generalizada. “Eu também quero entrar nessa orgia”, é a senha para muitos desejarem se tornar políticos. A precarização da democracia atinge níveis assustadores.

Aí vem a pergunta que causa fobias em muitos. O Estado do Rio tem salvação? Responda nos Comentários.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

Recent Posts

Justiça paralisa construção de condomínio que contraria leis de Niterói

O condomínio It Camboinhas estava sendo construído com 18 unidades residenciais em oito blocos de…

3 horas ago

Com uma câmera no ombro ele registrou a história do antigo RJ

Maurício Guimarães deixa um acervo com boa parte da história política e administrativa fluminense Com…

1 dia ago

Trânsito e transporte ruins causam mais acidentes de moto em Niterói

Mototáxis transportam passageiros sem capacete, aumentando o risco de acidentes no trânsito ruim de Niterói…

2 dias ago

Secretário de Educação viaja para a Itália. Em Niterói crianças não têm escola

Mães esperam por vagas nas escolas enquanto secretário viaja para a Itália com sua equipe…

1 semana ago

Dupla Grael/Rodrigo deixa crianças fora de creches e escolas de Niterói

Milhares de crianças continuam fora das creches e escolas de Niterói. A Justiça já deu…

1 semana ago

Encontro reúne descendentes das famílias italianas pioneiras em Niterói

Descendentes dos italianos pioneiros em Niterói e amigos reunidos em almoço no Praia Clube São…

1 semana ago
Publicidade