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Escolas fechadas pela pandemia vão recuperar como o tempo perdido?

Escrito por Gilberto Fontes às 09:20 do dia 9 de novembro de 2020
Sobre: Ensino sequelado
  • escolas fechadas
09nov

escolas fechadasO coronavirus pegou estudantes e professores de calças curtas. Em Niterói as escolas municipais e estaduais fecharam as portas para evitar a propagação da doença mundial. Salas de aula vazias revelaram um quadro desafiador para docentes e discentes: como se adaptarem à pedagogia da pandemia?

A Educação à Distância (EaD) seria a saída, isto sem considerar que a maioria dos alunos da rede pública não tem acesso à internet. Nem são tantos os professores familiarizados com o mundo digital. Problemas não somente de Niterói, mas do mundo inteiro. Fica a lição de casa para o próximo prefeito de Niterói pensar em como expandir o ensino, promover a cultura e novas práticas educativas.

 

Com a pandemia, as escolas foram fechadas. Como fazer para os alunos recuperarem o tempo perdido? A Coluna perguntou aos seis candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional. Veja a seguir as respostas de cada um, pela ordem alfabética:

 

ALLAN LYRA (PTC) – 36

Allan LyraNiterói investe muito em educação, mas não consegue alcançar sequer a média proposta pelo IDEB. Temos problemas como falta de professores, falta de acessibilidade nas escolas, ausência de professores de apoio para pessoas com necessidades especiais, falta de bibliotecas e laboratórios de ciências e matemática, além de falta de valorização da carreira docente. Acredito que a melhor maneira de recuperar o tempo perdido é sanar esses diversos gargalos existentes em nossa educação, a fim de melhorar a qualidade desse serviço público essencial.

Vamos viabilizar, junto ao Ministério da Educação, a construção de uma Escola Cívico-Militar na cidade de Niterói e também a participação da cidade no Programa Material Didático. Pretendemos criar o Plano Municipal de Alfabetização, visando acelerar o processo de ensino-aprendizagem com adoção de práticas com comprovação científica atestada, como projetos de literacia familiar. Também esperamos que o professor seja reconhecido, queremos criar o Plano de Carreira Docente, para estimular e promover a formação contínua dos professores, com a intenção de promover o crescimento profissional e um melhor atendimento aos alunos. Nossas escolas vão ser mais atrativas aos alunos através da construção de bibliotecas, laboratórios de ciências e informática em todas as escolas do Ensino Fundamental. Temos muito a fazer!

 

AXEL GRAEL (PDT) – 12

A pergunta enviada ao candidato no dia 03/11, através de sua assessoria de imprensa, não foi respondida até a hora da publicação deste post.

 

DEULER DA ROCHA (PSL) – 17

Deuler da RochaTão logo sejamos eleitos, iremos realizar reuniões com representantes dos profissionais da educação e de pais de alunos para definirmos como será o ano letivo de 2021. Tivemos uma situação sui generis, que foi a pandemia, que jogou fora o ano letivo de 2020. Além disso, temos a revelação de que o município não alcança as metas estipuladas pelo INEP desde 2011 para ensino fundamental. O que mais uma vez homologa nossa afirmação de que, apesar dos vultosos investimentos na pasta, a administração atual não foi capaz de traduzir este esforço de toda a população niteroiense em efetivo ganho de qualidade do ensino.

Faremos a ampliação de Telecentros, onde os atuais já não atendem às demandas por inclusão digital. Esses espaços irão contribuir no esforço para a integralização do horário escolar e para o fortalecimento da educação adulta, atuando como aulas de reforço durante manhã e tarde, e como cursos pré-vestibulares comunitários durante a noite. E vamos ampliar a rede de Ensino Profissionalizante, onde serão ajustados convênios e parcerias com a iniciativa privada e outros entes federativos para o oferecimento de cursos profissionalizantes para estudantes a partir de 15 anos, associados às políticas de desenvolvimento econômico e de emprego em renda municipal.

 

FELIPE PEIXOTO (PSD) – 55

Felipe Peixoto

 

Iremos implementar algumas ações estratégicas, como um diagnóstico dos alunos no pós-pandemia para saber quais são as principais deficiências. Com esse estudo vamos apresentar um plano significativo de reforço para os alunos que tiveram dificuldades durante o período. Além disso, vamos distribuir o Livro Digital, um tablet com chip de dados para os alunos poderem acessar a internet, pois muitos não tiveram acesso à plataforma por falta de equipamento e conectividade.

 

FLÁVIO SERAFINI (PSOL) – 50

Flavio SerafiniEu e a minha coprefeita Josiane Peçanha somos professores e, para nós, a vida humana está em primeiro lugar. A vida do aluno e seus parentes, dos professores e dos funcionários. Niterói conta com uma enorme rede privada e pressionou pela reabertura das escolas, que se mostrou inócua, com adesão de menos de 10% tanto na rede pública como na privada. As aulas serão retomadas quando a pandemia estiver sob controle, com o acesso à primeira vacina que se mostrar eficaz nos testes.

Nós vamos planejar os anos letivos 2020 e 2021 de forma conjunta contemplando também um projeto de inclusão digital. Ampliaremos a Rede Municipal de Ensino com educação integral, inclusiva e antirracista, e construiremos 20 Escolas da Transformação com bibliotecas, áreas verdes, práticas artísticas e esportivas. Infelizmente, Niterói tem mais de 10.000 crianças e adolescentes sem estudar e quase 60 mil adultos que não concluíram o ensino fundamental. Realizaremos uma busca ativa por matrículas e vamos zerar as filas por vagas nas creches e escolas. Em nosso governo, não haverá nenhuma criança, jovem ou adulto fora da escola. Também faremos parcerias com universidades, oferecendo bolsas e estágios.

 

JULIANA BENICIO (NOVO) – 30

Juliana BenicioSerá um desafio enorme. Não pelo conteúdo perdido, pois o acúmulo de conhecimento não é linear, ele pode ser recuperado de forma diluída ao longo do tempo. Mas porque encontraremos muitas crianças em situação de estresse pós traumático. Ansiedade, depressão e obesidade infantil são uns dos exemplos que já estão sendo diagnosticados em um número muito elevado neste cenário pós crise.

O conhecimento e o aprendizado só virão novamente quando nossas crianças estiverem mentalmente saudáveis. Não tenho dúvida que elas foram expostas a um isolamento criminoso e vítimas de lideranças estúpidas e covardes que não tiveram a coragem de perder capital político para defendê-las. Neste sentido, entendo que a primeira missão da escola no retorno será acolher essa criança, escutá-la. Reconecta-la ao ambiente escolar que se mostrou ausente quando essa criança mais precisou. Será necessário, antes de tudo, reestabelecer a confiança perdida, de que a escola é um ambiente ativo de promoção da cidadania.

Amanhã (10/11) –  Niterói investe pouco e gasta muito com pessoal. O que dizem os prefeitáveis?

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Gilberto Fontes
Repórter do cotidiano iniciou na Tribuna da Imprensa, depois atuou nos jornais O Dia, O Fluminense (onde foi chefe de reportagem e editor), Jornal do Brasil e O Globo (como editor da Rio e dos Jornais de Bairro). É autor do livro “50 anos de vida – Uma história de amor” (sobre a Pestalozzi), além de editar livros de outros autores da cidade.
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