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Enquanto Grael faz festa em Niterói, mãe só consegue médico para a filha no Rio

Escrito por Gilson Monteiro às 15:30 do dia 2 de janeiro de 2024
Sobre: Saúde dá xabu
  • Hospital Getulinho, Niterói
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Hospital Getulinho, Niterói
Hospital Infantil Getulinho, no Fonseca, não atendeu criança que mandou para o Souza Aguiar, no Rio

Enquanto o prefeito Axel Grael vistoriava os preparativos para a festa do réveillon de Niterói, uma mãe peregrinava na última sexta-feira (29) por Jurujuba, Piratininga e Fonseca em busca de atendimento de urgência para a filha de dois anos e seis meses.

Em meio ao espoucar dos fogos, a saúde dá xabu. Às vésperas da virada do ano, a rede pública de Niterói estava sem médico para atender a menina que sufocava com uma bala de chiclete enfiada na narina. Ela só conseguiu atendimento no Rio, a 27 quilômetros de casa.

Jenina Julia, que mora em Jurujuba, nem tentou atendimento para a filha no posto de saúde do bairro. Lá, desde que a menina nasceu, Jenina não encontra médico na unidade local. Seguiu levando Alicia no colo para o Mário Monteiro, em Piratininga, chegando às 18h de sexta-feira.

Disseram que naquela unidade de pronto atendimento – como está escrito na fachada – não havia médico e as mandaram para o Hospital Infantil Getulinho, no Fonseca. A filha também não foi atendida, e a mãe foi orientada a procurar o Souza Aguiar, no Centro do Rio. Lá do outro lado da ponte, um médico de plantão retirou com uma pinça a bala de chiclete que obstruía a narina da menina.

O prefeito Grael, que não mediu exageros para comemorar a festa da virada em Icaraí, a qual – acreditem – ele diz ter tido um público de 250 mil pessoas (metade da população de Niterói), só quer saber de viajar e promover festas. Enquanto isso, a população sofre nos postos de saúde e nos hospitais, onde falta até remédio.

Ninguém é contra festa nem shows musicais. Mas o contribuinte niteroiense quer ver seu dinheiro retornar em atendimento médico. Neste ano eleitoral que se inicia, o prefeito Axel Grael tem a obrigação de vir a público explicar onde está gastando a arrecadação bilionária de Niterói (R$ 5,4 bilhões).

Com tantos bilhões arrecadados em royalties do petróleo e com o IPTU que já virou o ano bombando, Niterói poderia ter uma rede de saúde de primeira linha. Mas não. Sequer tem um pronto-socorro municipal decente. Seu hospital infantil, o Getulinho, é administrado por uma organização social que, somente em dezembro, recebeu R$ 4,7 milhões, de um total de R$ 65,2 milhões já reservados para a renovação do contrato com o Instituto Ideias.

Na semana passada o governo federal enviou R$ 10 milhões para Niterói reforçar a Atenção Especializada à Saúde. Isto aconteceu depois de a prefeitura aprovar na Câmara de Vereadores o orçamento de 2024 que corta R$ 80 milhões da pasta, em relação a 2023.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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3 thoughts on “Enquanto Grael faz festa em Niterói, mãe só consegue médico para a filha no Rio

  1. Dinheiro tem sobrando, vide os gastoscom festas, palcos e árvorede Natal! Falta vontade política responsabilidade e, sobretudo, respeito a população que o elegeu!!!
    Se eles, os políticos de Niterói do momento, quisessem poderiam perfeitamente aprovar proposta de municipalização do antigo Hospital Santa Cruz, que está abandonado e sendo destruído pelo tempo. Só podemos lamentar e dar o troco nas próximas eleições.

  2. Uma vergonha os postos de saúde, caindo aos pedaços.O do Vital Brasil. Nao tem respeito pelos que nao tem plano de saúde

  3. Chega da propaganda enganosa, festa não enche barriga nem garante saúde.
    O prefeito finge que comanda a cidade, mas só gosta de coisas bonitas e que chamem atenção.
    A cidade está mal conservada (limpeza) e necessitando melhorar a infraestrutura.
    Dinheiro para isso ele arrecada, mas não investe.

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