Se você acha que já viu de tudo em Niterói, pense de novo. Na terra de Arariboia, onde o pôr do sol é de cinema e o trânsito é de pesadelo, surgiu um novo tipo de empreendedor: o morador de rua. Não é metáfora, nem exagero. A Polícia Federal prendeu o empresário Jobson Batista, o estelionatário que transformou a cidade num verdadeiro laranjal corporativo.
Jobson não vendia frutas, mas distribuía CNPJs como quem joga confete em bloco de carnaval. Foram 334 empresas fantasmas, todas com sócios que mal sabiam o que era um banco, quanto mais um contrato social. Gente em situação de rua, atraída por promessas de cachaça, dentadura ou uma cesta básica, virava titular de contas e empréstimos milionários.
Enquanto os laranjas dormiam sob marquises, Jobson vivia em condomínio de luxo em Piratininga, com vista para a lagoa e um esquema que funcionava há 25 anos. A esposa, Cláudia Márcia, era a artista da falsificação — treinava a caligrafia dos sócios invisíveis como quem ensaia para uma exposição de arte forense.
O delegado federal Bruno Bastos Oliveira foi quem desatou esse nó. Começou com um documento falso e, como quem puxa um fio solto na camisa, descobriu que a peça inteira era trambique. Bruno encontrou empresas sem sede, sem produto, sem funcionário — mas com vale-refeição e endereço compartilhado por trinta CNPJs. Um minimercado virou sede de trinta mercearias.
O esquema contava com contadores, gerentes de banco seduzidos por agrados e uma esposa falsificadora de assinaturas, Cláudia Márcia, que treinava a caligrafia dos laranjas para dar veracidade aos contratos. As empresas não tinham sede, produto ou funcionário, mas possuíam contas bancárias, vale-refeição e endereços compartilhados por dezenas de CNPJs. Um minimercado chegou a abrigar 30 empresas diferentes.
Segundo o delegado federal, Jobson criou uma rede profissional de estelionato que operava com precisão contábil. Os empréstimos eram pagos por algumas parcelas para parecer legítimos, e depois abandonados como se fossem negócios fracassados.
Áudios obtidos pela Polícia Federal mostram Jobson se gabando: “Cachaça, cerveja, cesta básica, tudo eu mando”. E mandava mesmo. Transformou as ruas de Niterói em um verdadeiro laranjal, onde o CNPJ virou moeda de troca e a fraude virou modelo de negócio.
E enquanto Jobson Batista transformava desvalidos em sócios de fachada e movimentava bilhões como quem pede um cafezinho, os verdadeiros empreendedores da cidade enfrentam uma maratona burocrática para abrir uma MEI. Precisam lidar com portais confusos, certidões negativas, autenticações e ainda torcer para não cair na malha fina por algum pequeno erro contábil. Porque no Brasil, quem quer trabalhar honestamente precisa vencer o sistema — já quem quer fraudar, parece que o sistema até ajuda.
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