Ele é do tempo em que fake news era só fofoca na porta do Bar Municipal, ao lado da prefeitura de Niterói. Pietro Polizo completa neste domingo (29/05) 90 anos de idade e 72 como jornaleiro e grande distribuidor de jornais e revistas. Estes praticamente desapareceram das bancas, diante do domínio das chamadas redes sociais.
Desde que chegou em 1951 à ex-capital fluminense, vindo com 18 anos da Calábria, na Itália, Pietro tem distribuído a informação produzida pelo jornalismo profissional através de suas hoje 200 bancas, de Niterói à Região dos Lagos.
Aos 90 anos, que serão celebrados com missa às 10h desse domingo, na igreja São Judas, em Icaraí, Pietro Polizo lembra que começou vendendo jornais de casa em casa e nos pontos de bonde até conseguir se estabelecer com uma banca no Ponto Cem Réis, no Fonseca.
Quem pensa que era moleza, não sabe o que o baixinho e os outros jornaleiros enfrentavam. Tinham que atravessar de barca, tarde da noite, com tempo bom ou de chuva, para apanhar os exemplares nas oficinas de cada jornal no Rio de Janeiro.
Pietro diz que com a inauguração da Ponte Costa e Silva, o trabalho do jornaleiro ficou menos pesado. As empresas jornalísticas entregavam os exemplares nos pontos de distribuição em Niterói. Os jornais vinham de kombi ou caminhão, que também recolhiam o encalhe (jornais não vendidos) do dia anterior.
Pietro Polizo chegou a comandar mais de 200 bancas de jornais e revistas, sendo 45 em Niterói, algumas em São Gonçalo, outras mais em Itaboraí, Maricá e na Região dos Lagos até Búzios.
Lembra com tristeza de dois episódios que prejudicaram a categoria. Primeiro foi o lançamento de assinaturas domiciliares pelos jornais. Como já era esperado a venda nas bancas caíram.
Depois de tempos para cá, houve o crescimento espantoso de edições online, sem que houvesse uma tentativa das empresas jornalísticas para evitar a queda das vendas da edição impressa.
– Ocorreu uma queda vertiginosa. Antes, chegamos a vender 50 mil exemplares por dia. Agora o Globo, Extra e O Dia representam pouco mais de seis mil exemplares vendidos nas minhas 200 bancas – contabiliza Pietro.
Diz sentir até hoje o cheiro da tinta do jornal impregnado no nariz e na alma. Pietro Polizo, essa figura querida, simpática, tremendo buona gente como outros tantos italianos que dão ou deram a sua contribuição em diversas áreas na terra de Arariboia, merece todas as homenagens e aplausos. Feliz Aniversário!
Logo após a Segunda Guerra, a Itália que ficou arrasada, muitos italianos vieram para o brasil. Aqui em Niterói, na esquina da rua da Conceição com a avenida Rio Branco, tinha uma Banca de Jornal, explorada pelos irmãos italianos, o Antonio, o Santos e o Salvador. E mais dois irmãos, gêmeos, Emílio e Rafael, também italianos, que tinham duas cadeiras de engraxates em uma das portas do Café Santa Cruz. Todos italianos fugindo do caos econômico da Itália .O Emílio não demorou muito e logo voltou para a Itália e o Rafael continuou na sua cadeira de engraxate, na porta da escada que levava ao sobrado do Café, onde tinha um salão de sinuca, com umas 7 mesas. Rafael, na sua cadeira, quando Niterói era a capital do Estado do Rio, engraxou sapatos de políticos e outros profissionais e deles se tornou amigo. Rafael casou, criou seus filhos, que hoje são médicos e advogados. A cadeira de engraxate do Rafael se tornou um “ponto “. Antonio – que foi soldado do Exército italiano – o mais velho dos três irmãos, montou uma Banca na região oceânica e nunca mais o vi. Santos, criou uma Banca na rua Paulo Alves, no Ingá, e só voltei a ver o Santos, muitos anos depois, numa Clinica de Exames de Saúde, na esquina da Presidente Baker, com a Roberto Silveira. Salvador, o caçula , fui encontra-lo, anos passados e era o distribuidor do Jornal O Globo em Niterói. Encontrei o Salvador numa das esquinas da rua Domingo de Sá, descarregando os jornais. O engraçado, Nessa história é que sempre encontrava os italianos nas esquinas de Niterói. O Rafael, de quem fui muito amigo, foi embora para sempre. Hoje, estou com 91 anos e nem imagino a idade do Antonio, mas sei que os seus filhos e os dos seus irmãos, estão em Niterói, alguns como profissionais da medicina e outros na carreira jurídica. Conheçí esse italianos, porque muito jovem, fazia meu ponto de referência na esquina do Café Santa Cruz e conversava muito com eles. Antonio me contava passagens da guerra e os outros contavam as suas vidas na Itália. Velhos tempos, velhas esquinas, velhas historias que se perderam no tempo.
Pedro Polizzo foi um grande parceiro dos jornaleiros e editores. Sensato ajudou muito nos momentos críticos na relação desses com a categoria, principalmente quando os editores buscaram atender às demandas de assinaturas domiciliares e buscar minimizar perdas financeiras com encalhe e mantendo níveis constantes de tiragem e venda.
Parabéns ao italiano Pietro Polizo pelo se aniversário de 90 anos!
É um presente chegar aos 90 com saúde e lucidez.
Esse é o pequeno grande homem. Pietro como eu. Estivemos por muitos anos juntos no Clube Italiano e na ABITA – Associação Beneficente Italiana – que manteve a colônia unida por muitos anos, inclusive com aqueles memoráveis jantares à italiana. Ele foi presidente da Executiva e eu presidente do Conselho Deliberativo por anos a fio.
Auguro salute e altre cent’anni. 🍷🍷