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Dia 22 de novembro, data da suposta fundação de Niterói, deixa de ser feriado

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O aniversário de Niterói, 22 de novembro, pela primeira vez em 68 anos não vai ser feriado. A data comemorativa foi retirada pela Lei 3.511/20 do calendário de feriados municipais criado em 1953 pelo prefeito Altivo Linhares. Mas nada impedirá de o indefectível ponto facultativo nas repartições niteroienses vir a ser decretado pelo prefeito Axel Grael, já que há programação oficial para comemorar a data.

A justificativa da lei que acabou com o feriado do dia 22 era reduzir o número de folgas em novembro, atendendo a uma queixa recorrente do comércio lojista. Ainda assim, sobraram três feriados em vigor neste mês: o Dia de Finados (02/11), a Proclamação da República (15/11), ambos federais; e mais o Dia da Consciência Negra (20/11), que é estadual.

 A data sempre foi “um feriado de araque”, provava por “a” mais “b” o jornalista e historiador Emmanuel de Macedo Soares. Segundo suas pesquisas, Niterói não foi fundada em 22 de novembro de 1573, como os prefeitos sempre festejaram a data com discursos inauguratórios pela cidade. O município foi instalado em 11 de agosto de 1819. E a doação da sesmaria ao cacique Arariboia ocorreu em 22 de outubro, um mês antes do dia em que se passou a comemorar a suposta fundação de Niterói.

O saudoso colaborador da coluna Emmanuel de Macedo Soares esclarecia assim a balela:

“A data não significa absolutamente nada, nunca significou nada. Dizem que foi o dia em que um cacique tomou posse das terras que os portugueses lhe deram, em 1573. Não foi. O dia foi 22 de outubro, mas copiaram o mês errado, numa época em que se lia e escrevia à luz de velas. E ele nem foi o primeiro a receber terras nesta banda oriental, foi o décimo nono.

Trocaram o nome do rapaz, de Araibóia para Araribóia, sem nenhuma cerimônia e nenhum respeito. Depois disseram que nesse dia foi fundada a cidade de Niterói, invencionice alucinada de um semianalfabeto, sancionada por um prefeito paulista que mal sabia onde ficava o jardim de São João. Por fim surgiu um tipo de ufanismo que proclamava e ainda proclama de boca cheia que Niterói foi a única cidade do Brasil “fundada por um índio”.

Do Brasil, das Américas, do Universo inteiro, incluindo os sistemas ainda não descobertos, porque isso de índio fundar cidade seria uma aberração da própria natureza indígena. Não há cidade sem câmara, sem juizados, sem cartórios, sem polícia, sem matriz, sem eleitores, sem arruamento, sem casas (ou foros, como preferem os juristas), sem povo, enfim. Niterói existe, como urbs, a partir de 11 de agosto de 1819, quando se instala o município”.

Gilberto Fontes

Repórter do cotidiano iniciou na Tribuna da Imprensa, depois atuou nos jornais O Dia, O Fluminense (onde foi chefe de reportagem e editor), Jornal do Brasil e O Globo (como editor da Rio e dos Jornais de Bairro). É autor do livro “50 anos de vida – Uma história de amor” (sobre a Pestalozzi), além de editar livros de outros autores da cidade.

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