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Catamarã social só se Niterói pagar

Escrito por Gilson Monteiro às 16:32 do dia 22 de março de 2017
Sobre: A ver navios
22mar

Fez água. O projeto da TransOceânica previa a integração do BRT cruzando o túnel Charitas-Cafubá e o catamarã transportando passageiros com tarifa social.

O secretário estadual de Transportes, Rodrigo Goulart de Oliveira, descartou a implantação do catamarã social em Charitas. “A menos que a prefeitura de Niterói subsidie o custo das passagens, não haverá possibilidade de os bilhetes terem o preço reduzido”, acrescentou.

A abertura do túnel Charitas-Cafubá perderá, assim, uma de suas maiores finalidades: a de levar passageiros da Região Oceânica para o Rio de Janeiro sem congestionar ainda mais o trânsito da Zona Sul e do Centro. Hoje, o bilhete Charitas-Praça Quinze custa R$ 16,50 e as embarcações não operam das 12h às 16h.

Além disso, o projeto de integração Barcas/BRT está fazendo água também por que as empresas de ônibus estão refugando o investimento que terão de fazer para adquirir novos veículos adaptados ao sistema que a prefeitura de Niterói projetou sem prever os percalços.

A CCR Barcas, que não pretende concorrer em outubro à nova licitação para o transporte marítimo, alega que a demanda de passageiros foi reduzida de oito mil/dia para cinco mil/dia nos catamarãs.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, seriam necessários 40 mil passageiros por dia para justificar a implantação da tarifa social nos catamarãs.

Durante audiência pública sobre o novo modelo de concessão do transporte hidroviário, realizada na Associação Comercial de Niterói com a presença de cem pessoas, o secretário Rodrigo Oliveira adiantou que neste edital deverá constar a obrigatoriedade de a empresa vencedora projetar a implantação de duas novas linhas: a Praça Quinze-São Gonçalo e outra ligando os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim.

O secretário atribuiu a queda no número de passageiros das barcas, primeiro à crise econômica e ao desemprego no país. Segundo, como a prefeitura do Rio retirou o mergulhão da Praça Quinze, por onde passavam dezenas de linhas de ônibus ligando o Centro ao subúrbio e à Zona Sul cariocas, bem como desativou um terminal de ônibus ali ao lado, os passageiros das barcas passaram a contar somente com a baldeação a cerca de um quilômetro na Estação Carioca, do metrô. Muitos passaram a atravessar diretamente de ônibus do Rio para Niterói, e vice-versa.

Já a linha Charitas-Praça Quinze quando foi criada tinha a previsão contratual de ajudar na manutenção de outras linhas, como a de Cocotá, na Ilha do Governador. Sobre as barcas Rio-São Gonçalo, prometidas há mais de quatro décadas, o secretário de Transportes diz que sua implantação deverá merecer um estudo maior, porque ela vai diminuir ainda mais o número de passageiros da Estação Arariboia.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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9 thoughts on “Catamarã social só se Niterói pagar

  1. É muita incompetência!
    1) Como é que gastando tanto dinheiro, com calçadas tão largas, deixaram de prever uma ciclovia ao longo da Av. Fco. Cruz Nunes, a partir de Charitas, ou mesmo do Cafubá, até Itaipú?
    2) Como deixar 2 pistas para carros e ônibus de integração/alimentadores dos BRTs sem recuo nos pontos de parada, contando com calçadas tão largas?
    3) Como projetar uma obra desse porte e não prever o embutimento da fiação dos sinais de trânsito sob o piso da via. Ao contrário, o que vemos é a reinstalação de sinais velhos interligados por fiação aérea repetindo o estilo “gambiarra” predominante nas vias de Niteroi, próprio de cidades provincianas.
    Vão ser incompetentes assim na pqp!

  2. Moro na região oceânica e na minha opinião este brt foi a pior obra feita até o momento. A região não necessitava desta exclusividade só para ônibus. Bastava pavimentar as ruas, abri o túnel e deixar a circulação livre para ambos os veículos.
    Acabaram com a região, espremeram os veículos de passeio, acabaram com as calçadas das lojas.
    Horrível obra sem planejamento de impacto futuro. O BRT não justifica a quantidade de linhas de ônibus que cruzam. Agora sim tem que ter uma barca social de charitas a praça xv. Pois o catamarã é um transporte só para elite!!! Caso não ocorra este túnel foi um tiro no pé, segura esta prefeitura!

    1. Tudo feito sem um estudo de viabilidade sem planejamento resulta nisso. No jargão do bilhar a prefeitura tá sinucada. Sem a tarifa social, sem ônibus com porta no lado esquerdo como utilizar a tal da Transoceanica?

  3. Uma coisa me intriga: Se as estações são centralizadas ao menos será necessario ônibus com portas duplas, caso contrário não poderão rodar nas pistas centrais? Como solucionar isso?

  4. Simples! Muito fácil de resolver! O município contrata um empréstimo ao BNDES e estatiza o serviço! Garanto que o valor seria menor do que o da obra da Transoceanica e o benefício seria mais que justificável. Isso também evidencia que essa concessão não pode ficar nas mãos da iniciativa privada.

  5. Desde o início da obra da transoceânica a prefeitura vem dizendo que estava conversando com o Estado sobre a possibilidade da tarifa reduzida em Charitas. 2 anos e meio de conversa para o secretário informar o que todo mundo suspeitava. Quero só ver o que essa piada de prefeitura vai falar.

  6. 4 décadas.
    Tarifa cara
    Falta de emprego
    Planejamento nas coxas.
    Resumo das administrações deste falido estado do Rio de Janeiro. Moro em Niterói e a importância das barcas para a cidade não reflete no atendimento das Barcas S/A e menos ainda na obrigação do Estado do Rio em prover transporte de qualidade.
    Assim seguiremos sendo tolidos das coisas obrigatórias.

  7. Isso é uma grande prova da incompetência administrativa da prefeitura!
    Mas como o foco nunca foi melhorar a mobilidade urbana, ta tudo certo!!! O objetivo está sendo alcançado!!!

  8. A CCR Barcas ilustra perfeitamente a lógica das privatizações: só lhes interessa o benefício financeiro (lucro); benefício social nao é de interesse do capital privado. Privatizam-se os lucros e estatizam-se os prejuízos.

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