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Captado no radar: Ponte dispensa nome

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Você investiu num carro com mais de 100 cavalos de potência, seguro, que nem sente quando a velocidade passa dos 100 km/h? Má notícia. Desde quarta-feira quem atravessa toda a ponte Rio-Niterói com velocidade acima dos 80 km/h vai chegar do outro lado com a carteira de motorista cassada.

No sentido Rio, os radares estão instalados após o pedágio e próximo à Ilha de Mocanguê; na descida do vão central; na grande reta e na reta do cais. No sentido Niterói, radares na reta do cais; na grande curva; na descida do vão central, após a Ilha de Mocanguê, e na chegada ao pedágio. Média de um equipamento a cada três quilômetros.

Exceder o limite de velocidade em até 20% poderá custar R$ 85,13; entre 20% e 50%, subirá para R$ 127,69. E, em 50%, a multa passará para R$ 574,62. Cada multa significa cinco pontos na carteira, ou seja, que exceder a velocidade nos quatro radares perderá a habilitação no final do percurso.

Inaugurada em 4 de março de 1974, considerada a maior do mundo durante alguns anos, a ponte permitia velocidade máxima de até 120 km/h. Mas com a invasão de ônibus, caminhões, vans e moleques em geral, foi preciso baixar a margem de segurança para 80 km/h. Além disso, o governo vê uma boa arrecadação anual com esse novo limite.

Outra notícia sobre a ponte. Vão mesmo mudar o nome da ponte Rio-Niterói que, oficialmente, se chama Ponte Presidente Costa e Silva em homenagem ao hediondo marechal que, entre outras barbáries, baixou o AI-5 no fatídico 13 de dezembro de 1968 atirando o Brasil nas trevas.

Não gosto de nomes de pessoas em locais públicos já que ninguém, absolutamente ninguém, é blindado contra deslizes, falhas, vacilos. Li no ótimo livro “1942 – o Brasil e sua guerra quase desconhecida”, de João Barone (baterista dos Paralamas) que os submarinos alemães na Segunda Guerra eram batizados, apenas, com a letra U (inicial de submarino em alemão) e um número.

Por exemplo, o U-507 fez um arraso no litoral brasileiro em 1942, afundando vários navios mercantes. Substituir nomes por letras e números talvez o único bom exemplo daquela horda de boçais comandados pelo inclassificável Adolf Hitler.

Nossas estradas, aeroportos, portos, cidades, ilhas, ruas, vilas, avenidas deveriam ser nomeados apenas com um código. Existem até cidade brasileiras batizadas com nomes de larápios. O ex- simpatizante do nazifascismo Getúlio Vargas (quem sabe da vida dele é a biografia de Filinto Müller “Falta alguém em Nuremberg”, de David Nasser) é o recordista em nome de ruas, avenidas e estradas e que até o polêmico Che Guevara (a história dele ainda não está fechada) é nome de escolas, estradas, etc.

Há alguns nomes sugeridos para rebatizarem a ponte, a maioria gente de fora sem qualquer vínculo com Niterói. Mas o mais grave não é a falta de vínculo com a cidade, mas a possibilidade de fazerem média com políticos que, como o restante dos mortais, tem suas biografias vasculhadas o tempo todo. A possibilidade de um santinho de hoje virar moleque amanhã é grande.

Niterói já homenageou alguns facínoras, como aquele açougueiro do coronel Moreira César (o carrasco de Canudos) que dá nome a uma das principais ruas do mais populoso bairro da cidade, Icaraí. Andando pelas vias niteroienses vemos muitos nomes polêmicos devidamente homenageados.

O nome de Costa e Silva deve ser removido e atirado na privada, sim, mas em seu lugar, simples, muito simples. Chamar a ponte de “Rio-Niterói” e fim de papo. Oficializar logo o apelido já que não conheço ninguém que chame a ponte pelo nome do hediondo marechal.

Opinião não é palavrão. Essa é a minha.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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