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Coluna do LAM

Canoa havaiana é a cara de Niterói

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As canoas havaianas já são parte da paisagem de Niterói, especialmente no mar de Charitas, São Francisco, Região Oceânica, onde elas deslizam carregando pessoas que decidiram levar uma vida mais saudável. A noite, podemos ver as canoas descansando na areia de Icaraí, São Francisco, Itaipu, prontas para ganhar o mar na manhã seguinte, bem cedo.

Considerada excelente para a navegação, a praia de Itaipu virou um forte polo de canoa havaiana o que pode, inclusive, chamar a atenção das autoridades para reabilitar o lugar, hoje transformado numa baderna urbanística, com casas que despejam esgoto no mar (já há pontos poluídos em Itaipu), superlotação descontrolada nos fins de semana, enfim, terra de ninguém. Como o local está sendo descoberto por muita gente de fora, e redescoberto por niteroienses que sumiram de lá por causa da lambança, quem sabe a canoa havaiana acabe salvando Itaipu?

Mais do que um esporte extremamente saudável, coletivo e divertido, é uma opção existencial, indicada para quem gosta ou precisa de atividade física e relaxamento aliados a contemplação do mar, silêncio, e até oração e meditação, já que os vínculos da canoa com a espiritualidade a tornaram sagrada no Havaí. Para conhecer, aprender a remar desde o zero, navegar, aqui estão as academias da cidade:

https://www.gympass.com/academias/em/rj/Niterói/com-aula-de/canoa-havaiana

Canoa havaiana ou canoa polinésia, são nomes nacionalizados para denominar o esporte, que surgiu na região do triângulo polinésio originalmente conhecido como Va’a, Wa’a ou Waka. Va’a no Taiti; Wa’a no Havaí; Waka na Nova Zelandia. A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e elas foram inicialmente usadas para colonizar novas terras na região Polinésia, conjunto de ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e Estados Unidos, incluindo Havaí e Taití. As canoas são sagradas para os havaianos e, neste esporte, o respeito às tradições é fundamental, sendo conservado os rituais de batismo e nomenclatura. Os havaianos dizem que a canoa faz bem ao espírito e dá sorte aos praticantes que a respeitam, cuidam, cultuam.

Segundo o site “historia.com.br”, na década de 1990, os atletas e empresários Fábio Paiva, de São Paulo, e Ronald Willians, do Rio, se interessaram em trazer e difundir a canoa havaiana no Brasil. Após passagem pelos Estados Unidos, Fábio, Ronald e Fred Perez, investiram na tentativa de trazer a primeira canoa havaiana. Fábio conta que, trazida com recursos próprios por Ronald Willians, chegou ao Brasil avariada e foi necessário conhecer todos os detalhes para montagem e posterior reprodução dentro de todos os padrões sagrados do equipamento. Batizada de Lanakila, a embarcação serviu de molde para iniciar o processo de produção da primeira canoa havaiana brasileira. Hoje, a canoagem havaiana está sendo difundida no Brasil graças ao esforço desses brasileiros.

Com seis tripulantes – cada um com uma função específica – as canoas tem cerca de 14 metros de comprimento e 50 cm de largura, pesam entre 150 e 180 quilos, com três partes em comum: o casco, chamado hull, o flutuador lateral, chamado Ama e os braços que ligam a canoa ao flutuador, chamado Iakos. As V6 são canoas com formato diferente das OC6, assim como a OC6 é diferente das OC6 Unlimited (que são maiores e com mais volume). Muitos no Brasil chamam apenas de V6 por que, a FIV – Federação Internacional de Va’a adotou como oficial.

Niterói tem uma forte e histórica ligação com o mar e uma de suas marcas são as seculares barcas ligando ao Rio. Os esportes aquáticos são parte do cotidiano da cidade, por isso é comum, nos fins de semana, vermos o mar cheio de velas, remos, pranchas, de vários esportes ligados ao mar. Por causa dessa relação siamesa com o oceano, Niterói se destaca no cenário mundial formando campões em iatismo como a família Grael, orgulho da cidade.

Não é à toa que, em tupi guarani, Niterói signifique “água escondida”, caso, por exemplo, das águas calmas do Saco, de Saco de São Francisco, que significa pequena enseada e não bolsa escrotal. Mas a boçalidade se juntou ao moralismo e ceifaram o nome do bairro, que hoje se chama somente São Francisco.  

A cidade foi destaque no remo já a partir dos anos 1930 até o declínio do esporte provocado, principalmente, pela poluição da Baia de Guanabara a partir da segunda metade dos anos 1960.  A água podre da Baia transmitia várias doenças graves, entre elas hepatite, o que afastou os atletas daqui.

Hoje a Baia continua podre, mas houve uma leve melhora a partir da virada para este século 21. Investiram em algumas estações de tratamento de água, fecharam línguas negras, mas quando chove o lixo continua a descer dos morros, os canais (como o da Ary Parreiras) despejam imundície no mar. Para monitorar a as condições de limpeza do mar, a prefeitura criou o “Praia Hoje”. Para conhecer clique aqui: http://geo.Niterói.rj.gov.br/portal/apps/webappviewer/index.html?id=1a4ff69207ea46f5bb93d6a882f7ab8d

O cacique Arariboia (1530-1589), fundador da cidade, era reconhecido como grande remador. A literatura de qualidade informa que ele levava menos de meia hora para remar uma pequena canoa de São Lourenço dos Índios até a Ilha do Governador.

O sucesso da canoa havaiana por aqui reverencia nossos antepassados, valoriza a saúde física, mental e espiritual, une as pessoas que, com a benção do mar, buscam qualidade de vida.

Aloha!

@@@

@ Uber e 99 são um grande avanço, mas há problemas. A maioria dos carros é de outras cidades, em especial São Gonçalo, Maricá e Itaboraí e muitos motoristas não tem a menor noção do que seja Niterói. Perdem-se por aí, param em qualquer lugar, desrespeitam pedestres, invadem ciclovias. Mesmo assim a culpa não é deles, mas da falta de fiscalização da prefeitura.

@ Na chuva de quarta-feira a Enel exibiu seu arsenal de velhos transformadores que, como fogos de festa junina, explodiram por toda a cidade. A situação conseguiu ser pior em Itaipu (30 horas sem luz em alguns lugares) e Icaraí. Aliás, moradores da rua Tavares de Macedo, trecho entre Pereira da Silva e Alvares de Azevedo, não entendem porque vivem sem luz, enquanto no entorno está tudo aceso. A propósito, para reclamar com a Aneel (será que adianta?) é só clicar aqui: http://www.aneel.gov.br/como-registrar-a-sua-reclamacao

@ Em seis meses, três grandes lojas de venda e manutenção de bicicletas foram inauguradas em Icaraí. Sinal de que o cidadão quer mesmo deixar o carro em casa. Pena que as ciclovias da prefeitura estão sem sinalização, com buracos e constantemente invadidas.

@ Os motoboys se apossaram de vez das calçadas da cidade. Andam por elas em alta velocidade alheios aos gritos dos pedestres. A guarda municipal nada vê.

@ E o Cinema Icaraí? Vai permanecer abandonado eternamente?

 

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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