Os esforços da Unimed Rio para sair da crise financeira não estão sendo considerados por alguns médicos de Niterói e São Gonçalo que continuam recusando atendimento aos beneficiários da cooperativa carioca. O boicote pode desequilibrar o trabalho de recuperação da operadora, caso se elevem a mais de cinco por cento as queixas feitas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pela recusa de pacientes.
Clóvis Cavalcanti, presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, São Gonçalo e Região (Sinmed), diz que os cooperados da Unimed Leste Fluminense, que atende através de intercâmbio os pacientes de planos de cobertura nacional da Unimed Rio, estão “com os recebíveis garantidos, a partir de 14 de dezembro”, e que “o atendimento dos clientes daquela singular (Unimed Rio) é fundamental”.
Nesta quinta-feira (29/12), os médicos de Niterói e São Gonçalo estarão recebendo parte da produção realizada para a Unimed Rio. Clóvis Cavalcanti revela que os repasses da Câmara de Compensação que vence este mês, pelo Termo de Compromisso assinado com o Ministério Público, poderia ter a dívida rolada por 60 meses. Mas “no último dia 13, a Unimed Leste Fluminense, Unimed Nova Iguaçu e Unimed Costa do Sol, representando as singulares do Estado do Rio de Janeiro, reuniram-se com a Unimed Rio e a própria Federação e não aceitaram aquele parcelamento. Ficou decidido que a Unimed Rio saldaria um terço da câmara até 29 de dezembro (hoje) e os dois terços restantes seriam negociados no início de janeiro 2017”.
A Câmara de Compensação é um espaço para o acerto de contas do intercâmbio de prestação de serviços entre as Unimed participantes, dentre elas as singulares do Rio de Janeiro, Vitória e Belo Horizonte, a Central Nacional e algumas federações do sistema.
A cooperativa carioca tem em Niterói e São Gonçalo cerca de 60 mil beneficiários de planos de cobertura nacional, que representam a terça parte do movimento de consultórios médicos, laboratórios e hospitais cooperados do sistema Unimed nas duas cidades.
No dia 14/12, a Unimed Rio assinou um Termo de Compromisso para garantir o atendimento aos seus 800 mil beneficiários, por 90 dias. O documento firmado também pela Federação das Unimed do Estado do Rio estabelece condições para que a cooperativa carioca, há dois anos em direção fiscal da ANS, se recupere da crise financeira.
Dentre essas medidas, está previsto o aporte mensal de R$ 10 milhões por parte dos 5.400 médicos cooperados cariocas (cerca de R$ 1,8 mil de cada um) e a negociação da Federação Rio, junto às Unimed do estado para que sejam avalistas de um empréstimo de longo prazo, no valor de R$ 150 milhões, para a cooperativa carioca saldar suas dívidas.
O Termo de Compromisso prevê também multas para casos de descumprimento do acordo, sendo que a mais pesada chega a R$ 100 mil por dia e pode ser aplicada se o sistema Unimed não garantir atendimento aos usuários da Unimed Rio, caso ela não seja capaz de fazê-lo se vier a quebrar e tiver que vender sua carteira. Neste caso, também, a Unimed Seguros vai garantir o pagamento dos médicos para o atendimento dos beneficiários não ser interrompido.
A queixa maior de médicos de Niterói e São Gonçalo é a de que ainda não receberam pelo atendimento dos clientes da Unimed Rio no mês de junho, que deveria ser pago em agosto. O presidente do Sinmed diz que “o Termo de Compromisso proposto pelo Ministério Público de Niterói, que dividia aquele pagamento em dez vezes foi substituído pelo atual Termo de Compromisso, assinado na ANS em conjunto com o Ministério Público Estadual e Federal, prolongando aquela Câmara de Compensação para 60 meses, a partir de janeiro de 2017”.
Procurado por telefone, e-mail e WhatsApp o presidente da Unimed Leste Fluminense, Alan Onofre, não respondeu à coluna.