A partir de hoje, o Sul América, único resquício da história do Centro da cidade da ex-capital fluminense, que ainda restava em pé na Visconde do Rio Branco esquina com José Clemente, fechou as portas de vez, depois de mais de um século de existência.
Esses dois tradicionais bares de esquina – o Sul América e o Santa Cruz (na esquina da Rua da Conceição) – , foram points de políticos, jornalistas, lojistas, profissionais liberais, gerentes de bancos, que iam ali para se ver, bater papo, fechar um negócio e, claro, tomar um café bem quente.
– O comércio já vinha passando por uma crise financeira e a pandemia foi o fim. Depois de muita angústia, sofrimento e preocupação para pagar os encargos, chegamos no limite, pondo fim a uma atividade que fazíamos desde garoto, com dedicação, sempre procurando prestar um bom atendimento ao cliente – lamenta Marcelo ao arriar a porta de uma história de mais de 100 anos.
Na porta do Sul América reunia-se um grupo de senhores que, chovendo ou fazendo sol, ali estava desde 1970 nos finais de tarde, de segunda a sexta-feira, para disputar uma rodada de água mineral e cafezinho na porrinha (um jogo de adivinhação em que cada participante coloca até três moedas nas mãos fechadas; vence quem acerta o total delas).
Preocupados em encontrar um novo ponto de encontro, vão tentar o Galeto na José Clemente, e até a calçada do prédio dos Correios.
É o terceiro ‘despejo’ dessa turma que começou a se encontrar em 1962, no Riviera da Rua da Conceição. Depois foi para a porta do Cinema Central e há 50 anos estava na frente do Sul América.
O grupo sofreu baixas, mas continua grande. Fazem parte Ney Lopes, René Jorge, Adailton Campelo, Carlos Rad, Carlos Evaldo, Adelmo do Banerj, Roberto Carnaúba, Carlos Nery, Hilário Pinheiro e Antônio Leonardo.
Na praça agora só resta o cacique Arariboia, de braços cruzados em seu pedestal. Sozinho, pois nem a companhia do relógio Rolex de Germano Grand tem mais, o valente índio continua aguardando as promessas feitas pelos governantes, de revitalização do Centro, com a expansão do setor habitacional e o desenvolvimento do comércio local.
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