Sobreviventes do incêndio do Gran Circus Norte- Americano e profissionais que atuaram no socorro às vítimas da tragédia que enlutou Niterói há 60 anos foram lembrados nesta sexta-feira (17/12) pela direção do Hospital Universitário Antonio Pedro. Na época do incêndio, o hospital municipal estava fechado. Médicos e voluntários forçaram suas portas para providenciar o atendimento aos queimados. Foram mais de 800 pessoas feridas e 503 mortos.
A organização do evento foi da Superintendência do hospital e da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP), com apoio da UFF. Dentre os convidados, o médico Alcir Vicente Visela Chacar, formando daquele ano (1961), contou um pouco o que viveu:
– Naquele dia, fui acordado pela mesma pessoa que me acordou em 1956 dizendo que passei no vestibular de medicina, mas dessa vez para falar que uma tragédia havia acontecido. Eu não era mais estudante, agora eu seria médico. Saí correndo, cheguei ao Antônio Pedro e a população me jogou para dentro do hospital. Estava um calor terrível, cheiro forte de queimado e muitas crianças no chão. Nos nove meses seguintes, permaneci no hospital ajudando nos curativos. Não poderíamos deixar de fazer o reconhecimento dessa turma de 1961 – disse Visela Chacar.
O jornalista Mauro Ventura, autor do livro O Espetáculo Mais Triste da Terra, que conta como foi a tragédia, participou do encontro no Huap lembrando histórias e falando sobre o processo de criação de sua obra.
Ele escreveu o livro em 2011. Uma nova reimpressão da obra foi autografada para os presentes ao evento. Segundo Mauro, foi emocionante reencontrar algumas das pessoas que entrevistou e outras que ainda não conhecia:
– Elas fazem parte de uma história que marcou não só os niteroienses, como a mim também. Foi a minha estreia na literatura, e eu acabei conhecendo algumas das pessoas mais admiráveis que pude ver na vida. Fazer esse livro me custou muito emocionalmente, mas me deixou feliz resgatar essa história. Ele se esgotou em pouco tempo, e, durante todos esses anos, houve uma cobrança das pessoas para que eu reimprimisse. Acho importante relembrar, por mais trágico que tenha sido, para que a gente não repita e possa viver um futuro melhor.
O objetivo do encontro foi, principalmente, relembrar a influência do incêndio no destino do Antonio Pedro. “Esse encontro foi para celebrar a solidariedade pública da época. Estamos rememorando o sentimento que uniu toda a comunidade, e resgatando essa história para as novas gerações”, disse Wolney Martins, coordenador geral da residência médica.
O Antônio Pedro foi terceirizado e, baseado numa leitura tendenciosa do estatuto do SUS, fechado à população.
Parabéns pela matéria.