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Almoço no Monteiro e cafezinho no Municipal marcaram época em Niterói

Escrito por Gilson Monteiro às 18:34 do dia 1 de maio de 2020
Sobre: Recordar é viver
  • restaurante Monteiro
01maio

restaurante MonteiroUm outro trecho da Rua da Conceição que também deixa recordações do Centro, fica entre a Almirante Teffé e a Dr Borman. Por isso, nessa fase de retiro forçado, vamos relembrar duas casas que marcaram época na vida de muita gente em Niterói.

O primeiro é o Restaurante Monteiro, que reinou por muito tempo, principalmente, enquanto Niterói foi capital do Estado do Rio. Era o preferido do primeiro time de autoridades do Governo, Legislativo e Judiciário, que se juntavam a políticos que iam fechar acordos; à nata do empresariado, principalmente do mercado imobiliário, que ia sempre fechar algum negócio; profissionais liberais, gerentes de bancos e notários. Era um ambiente alegre, descontraído e de prestígio, mas com muito zunido, pelo falatório e o barulho dos enormes ventiladores, que só foram substituídos por ar-refrigerado muito tempo depois.

A mesa número 10, com 12 lugares, fora montada para agradar o governador comandante Amaral Peixoto. Ela permaneceu até o fechamento da casa em 2012, no mesmo lugar.

O cardápio era farto e variado. Tinha o filé a Monteiro, a francesa, a cavalo e a Oswaldo Aranha; namorado a moda da casa, filé de peixe a americana, leitão a moda da casa, peru a Califórnia, carne seca com tutu à mineira, iscas de fígado acebolada, rim com batata sautée, frango com quiabo, rabada com polenta e agrião, cabrito ao forno. Dá água na boca só de lembrar de tanto prato gostoso servido por um seleto time de garçons educados e prestativos, que colocavam guardanapos brancos num dos braços, como que numa deferência especial ao cliente.

As sobremesas mais pedidas eram a salada de frutas, laranja cortadinha, pudim com ameixa e Romeu e Julieta, com goiabada saborosa e o queijo Minas da fazenda.

A bebida, com muita saída era um suco de laranja ou de limão, com água mineral gasosa, servida em jarra de vidro.

Aos sábados, às famílias iam almoçar no mais tradicional restaurante da cidade. A vida era tranquila e podia-se estacionar os carros com segurança.

O segundo, era o Bar Municipal, que tinha como carro chefe no menu rã e testículo de boi, ambos à milanesa, servidos num balcão enorme, que rodeava a casa, acompanhados de um chope da Brahma gelado.

As mães também iam ao Municipal comprar rãs congeladas, porque a sua carne era nutritiva e ajudava na cura de doenças respiratórias das crianças.

Outra peculiaridade, é que o Municipal abria pela manhã cedo para receber lojistas, profissionais liberais e gerentes de banco que iam tomar o cafezinho do Bom Dia e bater um papo sobre tudo que estava acontecendo na cidade. Do outro lado da rua estava a sede da Prefeitura de Niterói e seu alto escalão também frequentava o Municipal.

Lembro de um pequeno grupo da vida ativa da cidade que batia o ponto naquela esquina movimentada: os irmãos lojistas Alberto e Salomão Guerchon, do ramo mobiliário; Wilson Tauil, tapetes e cortinas; José Dornas Maciel e Vinicius Riciopo, gerentes de banco; Alaor Scisinio e Nilton Flacks, advogados; Jorge Nolasco, contador; Calixto Kalil, diretor do Hospital Antonio Pedro; Waldenir Braganca, médico e depois prefeito da cidade; além de muitos outros que certamente serão lembrados nos comentários abaixo.

O tradicional point de petiscos servia pastéis, empadas, sanduíches de carne assada, bolinhos de bacalhau e refeições rápidas, além do chope gelado e das famosas batidas de limão e de maracujá.

É mais um capítulo de uma vida que existia no Centro de Niterói, que aos poucos foi ficando no passado sem a gente perceber, mas que agora nesse período de retiro social, com bastante tempo para pensar, verificamos que tínhamos lugares agradáveis na Cidade Sorriso. Muita gente era feliz  e não sabia.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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14 thoughts on “Almoço no Monteiro e cafezinho no Municipal marcaram época em Niterói

  1. Nossa, quanta nostalgia juntas.. Monteiro e Municipal. Frequentei muito e agora fica a saudade de tempos felizes. Locais de excelência e ótimos frequentadores.

  2. Belas lembranças e saudosas.
    Faltou a nossa Leiteria Brasil, tão tradicional quanto.
    Obrigado pela volta ao passado, que parece que foi ontem.

  3. Obrigado Gilson Monteiro por me lembrar
    Dessa famosa casa um dos melhores
    Restaurante de Niterói.

  4. O camarão empanado com arroz a la grega do Monteiro é uma das memórias da minha infância, meus pais gostavam muito de lá, assim como do restaurante Bella Blu do Seu Vargas. Dois estabelecimentos que deixam saudade.

  5. Almocei no Monteiro com o Saudoso Dr Acrísio renomado advogado trabalhista que tive a honra de trabalhar como boy no seu escritório de advocacia. Saudades.

  6. Faltou o Coelho a Rossini do Monteiro, iguaria das mais deliciosas da casa. E a sobremesa de verdade era o “Lucio Mauro”, o pudim de leite condensado, que recebia esse nome porque era cheio de furinhos.

  7. Por décadas frequentei o nosso querido Monteiro , meus pratos favoritos eram o Filé ao ponto acompanhado de palmito na manteiga queimada , o badejo com legumes e a inesquecível feijoada na quinta ou sexta feira ( não me lembro do dia ) .No final da tarde a famosa fritada de bacalhau ou a canja de galinha tão tradicional quanto da Leiteria Brasil .
    Era um restaurante de instalações simples , mas super acolhedor ,nos sentíamos em casa onde em cada mesa encontrava-se um amigo . O garçom que sempre me serviu , cujo nome a memória me traí nesse momento é o primeiro a esquerda da foto acima , cujas mesas de sua ” praça ” ficavam do lado esquerdo da entrada .
    Já o Bar Municipal embora pouco frequenta-se , lembro que além da Rã escolhida viva no famoso aquário pelo cliente , havia as vezes uma sopa de tartaruga a noite , sendo que a referida tartaruga passava o dia amarrada no poste da esquina , como uma espécie de aviso , que a noite teria sopa .
    O tempo passa , novos restaurantes foram criados , com luxos e charme , mas nenhum deles superam o encanto dos velhos e queridos restaurantes que marcaram muitas gerações !!! Parabéns Gilson Monteiro , belas lembranças você nos trouxe !!!

  8. Conheci os dois estabelecimentos, a cidade perdeu quando ficou sem ambos. Durante muito tempo ficou a esperança do Monteiro reabrir. Do Municipal só a vaga lembrança de criança do balcão, da coxa creme que serviam. Uma pena.

  9. Reminiscências cheias de conteúdo cultural com a rica lista gastronômica sob aparente simplicidade , tudo à disposição de um público fiel em pleno centro da cidade. Dá saudades.

  10. Gilson, mais uma excelente reportagem sobre a Niterói Antiga, parabéns. Forte abraço do amigo Louis-Curitiba(PR).

  11. Meu pai, Manoel Brum De Souza, era o responsável do Restaurante Monteiro, Rua da Conceição 55, onde ficou anos e anos. Pena que ele não esteja na foto. Muito obrigada pela lembrança deste patrimônio, referência da gastronomia!

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