O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, está sendo investigado também por crimes de improbidade administrativa e caixa 2, além de corrupção ativa e passiva pela qual foi detido preventivamente na manhã desta segunda-feira (10/12). O procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, afirmou que “outros processos também serão deflagrados. Outras investigações também estão sendo cuidadosamente dirigidas e em breve serão deflagradas”.
Denunciado pelo desvio de mais de R$ 10 milhões da verba de transporte público de Niterói entre 2014 e 2018, Rodrigo teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça para prosseguimento da Operação Alameda, executada pela Polícia Civil, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
O nome da operação é uma referência à Alameda São Boaventura, endereço em Niterói da sede do Sindicato das Empresas de Transporte do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), onde segundo as investigações ocorria a entrega da propina ao ex-secretário de Obras Domício Mascarenhas, acusado de ser o operador do esquema.
A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato no âmbito da Justiça Estadual, após adesão do MPRJ aos termos e condições do acordo de colaboração premiada celebrado pelo empresário Marcelo Traça com o Ministério Público Federal e do compartilhamento de provas autorizado pelo Juízo da 7ª Vara Federal.
Rodrigo Neves foi denunciado em março deste ano pelo publicitário Renato Pereira por fraudar licitação para contratar a agência Prole por R$ 60 milhões. Também na delação do marqueteiro à Procuradoria-Geral da República (PGR) consta que o prefeito de Niterói fez sua campanha de 2013 à prefeitura usando dinheiro de caixa 2 de um esquema do ex-governador Sergio Cabral.
Renato Pereira disse que, com a Lava Jato em curso, em 2016 ele não aceitava mais receber por caixa 2. A Prole cobrou R$ 7 milhões, mas Rodrigo Neves disse que só poderia pagar “por dentro” R$ 3 milhões. O restante poderia ser bancado pelas empresas de ônibus de Niterói, em troca de uma contrapartida.
Na delação feita ao MPF, o publicitário afirma o seguinte:
“Diante da impossibilidade de fazer a campanha por tal valor, passei a oferecer outras opções pois não queria receber valores não contabilizados. Nesse momento, presenciei Neves questionar Domício (Mascarenhas, secretário de Obras) sobre a possibilidade de as empresas de ônibus de Niterói arcarem com a despesa, caso a prefeitura atendesse determinada demanda deles, ao que o secretário respondeu não saber.”
Em outra investigação, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes citou na operação Quinto do Ouro citou que Rodrigo Neves e um dos empresários responsáveis pela construção da Transoceânica estavam envolvidos em uma negociação para que ele (Jonas Lopes) recebesse uma vantagem indevida de R$ 100 mil, a qual repartiu com outros conselheiros do órgão na sala da presidência, a fim de relaxarem a fiscalização da obra polêmica.