Falta o quê para a prefeitura de Niterói fazer a recuperação da restinga de Itacoatiara? O local, segundo reclamam moradores do bairro, virou um depósito de dejetos e a vegetação da restinga atingiu uma altura que impede a visualização da praia. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) aprovou em agosto o projeto de restauração, mas apesar de haver prometido o início da revitalização em setembro, até hoje a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) nada fez.
O projeto prevê, além da poda das árvores, a remoção de galhos altos ou que formam túneis, a retirada de plantas invasoras, o replantio de espécies nativas e a instalação de uma cerca para impedir despejo de lixo e conter invasões na restinga.
O estranho nisso tudo é que a prefeitura de Niterói, que está deixando a restinga de Itacoatiara virar uma fétida cloaca, tem em sua cúpula representantes do Partido Verde, dentre eles o prefeito Rodrigo Neves; o secretário Executivo, Axel Grael; e o secretário de Meio Ambiente, Eurico Toledo.
A Soami (associação de moradores do bairro) mantém, desde 2006, um convênio com a prefeitura e a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) para a conservação da restinga. Segundo a Soami, já rebrotaram espécies locais em alguns trechos da praia.
Moradores reclamam, porém, que há muito a ser feito, principalmente depois que a prefeitura autoriza a realização de grandes eventos na praia. Diz Carlos Menezes:
— Infelizmente, a restinga acaba sendo usada como banheiro público. A iluminação dos postes é falha e existe risco real de segurança para quem frequenta a areia – afirma o morador.
Há 40 anos, a população do Brasil era de menos de 100 milhões, sendo que o percentual de pobres e miseráveis era altíssimo, daí o baixo número de “sortudos” que podiam desfrutar de locais privilegiados (o resto ficava quase que confinado nos seus guetos, sem poluir muito o visual da elite branca). Hoje, a população do país é de 208 milhões, com mais gente (percentualmente) podendo frequentar lugares antes inimagináveis. Muito mais gente dos guetos está dividindo espaços que antes eram quase que exclusivos das elites, e isso está causando choque e repulsa. Há que se preservar sim locais como a Praia de Itacoatiara, mas sem negar acesso às pessoas. Se não queremos tanta gente assim nos lugares, e restringir o acesso não é uma opção inteligente (nem ética), então qual a saída? Só vejo uma: redução do tamanho da população. Há outras?
Prezado Marcel, bom dia.
Sim, há outras, principalmente na área de educação e saúde ! No momento em que você possui praias límpidas e aconchegantes, com quiosques á beira mar para servir alimentos e bebidas, é lógico que “deveria” haver estrutura sanitária de apoio, limpas e com conforto para quem usa-las.
Não existe !
O fisiológico de todos, não permite que você desligue o botão e resolva em casa !
As pessoas tem que sair do sufoco !
Então, cabe á prefeitura, resolver de forma prática e eficiente essa questão.
Falta fazer o dever mínimo de casa.
E com isso, com o descaso total do município, estamos assistindo a degradação de praias lindas de Niterói.
É pena, muita pena, por que não dizer, muita sacanagem com nossa cidade !
Concordo, Carlos Eduardo, eu só me recuso a acreditar que toda a degradação que acomete nossa cidade (há anos, diga-se) é responsabilidade apenas de um prefeito e seu grupo de assessores. Se a cidade é nossa (do povo), então cabe aos donos zelar por ela. A prefeitura tem suas responsabilidades, mas nós também temos as nossas. O que nós, os tais donos da cidade, temos feito para zelar por ela? Como está nossa relação com as belezas naturais da cidade? Zelo ou descaso? Como está nossa relação uns com os outros, co-habitantes deste mesmo local? Harmonioso e justo, ou exatamente o contrário? Como temos nos comportado, por exemplo, no trânsito? Com nosso lixo diário? Com o respeito às individualidades e aspirações pessoais? Todos temos muito trabalho pela frente, e transferir responsabilidades não resolverá nada, porém este parece ser nosso padrão histórico. Não é coincidência que chegamos onde estamos.
A proibição de quiosques em cima de área de preservação ambiental bem como a inexistência de barraqueiros na areia também ajudaria bastante.
Complementando o comentário de Gilson Monteiro, com larga experiência na cidade de Niterói, posso aduzir :
Os tempos mudaram e para pior ! Há 40 anos, um sábado ensolarado, tinha uma frequência na areia de, no máximo, 80 pessoas !
Hoje, com automóveis sendo vendidos com prestações á perder de vista, de 230,00 reais, TODOS têm acesso á qualquer praia, e as mais bonitas, são as mais requisitadas. Não existe mágica. O passado ficou, e o presente esta demonstrando os cuidados que deveremos ter com uma das praias mais bonitas do Brasil. Sem banheiros, com uma restinga alta, suja e perigosa, estamos assistindo á um crime ambiental em que as partes não se ajustam. Remeti para a Soami, há 7 meses, fotografias detalhadas dos atalhos de banheiros públicos na restinga, na esperança de providencias. Nada, Nada, Nada ! Parabéns Prefeitura, Soami, Inea e afins. Um pouco de amor e gestão, resolveria a questão.
Atenciosamente,
Carlos Eduardo Menezes.