Ao comemorar 35 anos de carreira, o cantor e compositor Byafra alça agora o mundo das letras com o seu mais novo “Voo de Ícaro” (editora Kimera). Escrito a quatro mãos, com o jornalista e escritor Pinheiro Junior, o livro será lançado no espaço Reserva Cultural, em São Domingos, Niterói, no dia 22 de março, quarta-feira às 19h. Segundo Byafra, o livro “é uma sátira política, surrealismo fantástico e atual”.
Pinheiro Júnior explica que “durante a produção do “Voo de Ícaro” a preocupação foi deixar que o lirismo moldasse o texto para que a lenda do homem pássaro brasileiro soasse como um canto de liberdade, à semelhança do voar-voar de Byafra”.
– A música “Sonho de Ícaro” foi emblemática em minha vida – lembra Byafra. E detalha: “Resolvi transformar o “Ícaro” da canção em um personagem. Um homem pássaro mitológico, fantástico, que cairia sem explicação na terra e sofreria todos os tipos de preconceitos. Ao mesmo tempo em que seria idolatrado e viraria um superstar por suas diferenças”, conta Byafra, nome artístico de Maurício Reis.
Para o cantor, as pessoas diferentes são amadas e odiadas pelo simples fato de serem diferentes. “Ao mesmo tempo em que a sociedade admira, ela também destrói”, reflete o artista sobre a inspiração que o levou a buscar mais esse caminho, desta vez na literatura.
“Voo de Ícaro” incorpora a sensibilidade que marca as canções de sucesso do artista. “Gostaria que as pessoas que admiram minha música começassem a ler em prosa o que é longo para fazer parte de uma melodia. Sempre vi a letra de uma música como um romance sintetizado”, comenta Byafra.
O artista encontrou sintonia afinada nas mãos do escritor Pinheiro Júnior, que soube explorar com ironia e sarcasmo a temática do livro. “A situação política do país foi ficando de tal forma surrealista, que com o tempo a ficção deixou de ser ficção e passou a ser realidade. E isso Pinheiro retrata muito bem em ‘Voo de Ícaro’”, diz o cantor.
Sobre outros projetos na carreira, Byafra conta que passou a ter novos formatos de shows. “Tenho o meu show com banda, e com a pop camerata da UFRJ, que junta música de câmara com MPB. Tem também o que reúne canções e poesia, chamado “O músico, o cantor e o poeta”. Com ares de quem está pronto para um novo voo de inspiração, Byafra completa: “Acabou o tempo em que o cantor era apenas um cantor. Hoje tem que ser um artista.”