O massacre continua: micos baianos comem passarinhos e desequilibram biodiversidade em Niterói
Estamos na Semana do Meio Ambiente e, mais uma vez, a prefeitura de Niterói vai comemorar do seu jeito, fazendo absolutamente nada. E o prefeito trocou o PT pelo Partido Verde! Além de não plantar sequer uma mísera árvore (os exagerados dizem “sequer um pé de couve”), a prefeitura assiste ao massacre verde (des) graças a ocupação desordenada de áreas da cidade, em especial da Região Oceânica.
Antigos redutos ecológicos como o Jacaré, parte de Muriqui Grande e Muriqui Pequeno (região de Pendotiba) estão sendo ocupados por novas favelas. A região já frequentou as rotas dos jipeiros, cidadãos que usam seus veículos 4X4 para enfrentar a lama e, aproveitar, para dar uma olhada na situação ambiental. O resultado é triste. Há tanta carcaça de carro queimada e abandonada, tanto bandido no mato, que os jipeiros sumiram de lá. Niterói ganhou o veto dos melhores jipes clubes do país. Que vergonha!
Semana passada voltei ao Campo de São Bento. Numa rua próxima, mais uma vez, vários ninhos de sabiás foram destruídos por micos. Na Região Oceânica, um amigo que já havia recebido um casal de sabiás três vezes, que fez ninho e teve filhotes num canto perto da garagem de sua casa, conta que os pássaros foram comidos pelos micos.
A praga dos micos se espalha por Icaraí, São Francisco e Ingá, bairros de Niterói. No Rio, dizem que estão castrando esses símios, mas a população não para de crescer, em especial no entorno do Jardim Botânico.
Nos anos 1980, espíritos de porco trouxeram da Bahia duas espécies de micos que são carnívoros, entre elas o mico-leão-da-cara dourada, ou leontopithecus chrysomelas que come filhotes de passarinhos e ovos, ameaçando de extinção sabiás, sanhaços, bentevis, rolinhas.
Pior: muita gente dá comida para esses micos, cuja população em Niterói (me informam veterinários) já passou das duas mil espécies. No Rio, mais de 15 mil. Tentando a salvação, os passarinhos pedem socorro ao mesmo ser humano que teve a boçal ideia de, mais uma vez, detonar o equilíbrio ambiental. Estão fazendo ninhos dentro de apartamentos, garagens, varandas, de preferência em áreas densamente urbanas para tentar escapar dos predadores.
Por isso, ouvimos sabiás cantando em plena Icaraí. Em determinado momento, comemorei. Erro! O canto é de desespero. Sabiás vem para a cidade fugindo dos algozes símios da Bahia que alguns bípedes ditos inteligentes trouxeram de lá.
As perguntas que me rondam: 1) Como vão resolver o problema em Niterói?; 2 – Por que as pessoas dão comida aos símios, interferindo diretamente no ciclo ambiental?; 3 – Por que trouxeram esses micos da Bahia para cá? Qual foi o objetivo?
Cartas para a Coluna do Gilson Monteiro.