
A partir de outubro, entra em vigor a Lei 3987/2025, que obriga os condomínios residenciais de Niterói a adquirirem carrinhos de lixo com tampa e rodas, de 120 ou 240 litros, para o descarte de resíduos acondicionados em sacos plásticos de igual volume. A medida, embora apresentada como avanço na gestão de resíduos, tem sido duramente criticada pelo presidente do Sindicato dos Condomínios de Niterói (SinCond), Alberto Machado Soares.
Segundo Alberto, a nova exigência representa uma despesa adicional para os condomínios, especialmente os mais de dois mil que operam com portaria eletrônica e não possuem funcionários após as 18h. “Quem será responsável por colocar o container na calçada?”, questiona. A ausência de pessoal no período noturno torna inviável a operação exigida pela lei, criando um impasse logístico que recai sobre os moradores.
Lixo espalhado, o problema
A crítica central do SinCond é que a lei não resolve o problema histórico do lixo espalhado nas ruas. Com a coleta frequentemente atrasada pela CLIN — empresa responsável pelo serviço — os sacos acabam sendo rasgados por catadores e animais, espalhando detritos pelas calçadas. “Nem os carrinhos exigidos por lei impedirão essa sujeira”, afirma Alberto, destacando que a CLIN não cumpre os horários divulgados em seu site.
Além disso, os condomínios enfrentarão outro problema criado pela lei. Os dutos das lixeiras dos prédios foram projetados para acoplar sacos de lixo entre 200 e 240 litros e não há como mudá-los para adaptar sacos de 100 litros como exige a nova lei, adverte o presidente do SinCond.
Um sistema arcaico
A crítica ganha ainda mais força quando se observa o contexto histórico da coleta de lixo em Niterói. Como mostra um artigo publicado pelo SinCond, a cidade ainda adota métodos rudimentares, semelhantes aos utilizados há mais de cem anos, quando carroças puxadas por burros transportavam barricas de fezes pelas ruas.
Hoje são caminhões basculantes que poluem Niterói largando um rastro de mau cheiro, tal e qual no tempo do Antonico da Titica, dono da Empresa de Remoção de Matérias Fecais, que despejava os dejetos na Ponta da Armação.
A comparação com cidades como Barcelona, que desde os anos 1990 implantaram sistemas subterrâneos de coleta automatizada, evidencia o atraso de Niterói em soluções modernas e eficazes.
Para o presidente do SinCond, a cidade precisa de uma reforma profunda na política de saneamento e limpeza urbana. A transferência de responsabilidade para os condomínios, sem garantir melhorias na coleta pública, é vista como uma medida paliativa que apenas mascara o problema. “A cidade continuará suja, e os moradores pagarão mais por isso”, conclui.
Um comentário mencionou que os lixeiros vão atrasar porque têm de remover os sacos do container. No entanto, como está atualmente, eles também atrasam porque têm de esticar um plástico no chão, varrer todo o lixo que foi revirado e está espalhado na calçada para esse plástico e então recolhê-lo e jogar o conteúdo no caminhão. Repita isso por várias e várias ruas…
Excelente a acertividade da percepção da SinCind. Absolutamente correto. Infelizmente, parece que a Câmara de Vereadores acredita que toda a cidade seja o condomínio de luxo onde eles provavelmente residem. Lamentável a preguiçosa legislação que tenta empurrar aos condomínios o ônus de arcar com o escandaloso aumento recente da população de rua.
Impressiona que, ao ver alguém rasgando um saco de lixo para buscar material reciclável ou mesmo para comer, o maior problema da cena, para alguns cidadãos, seja o lixo bagunçado. E é somente esse problema que a Prefeitura tenta corrigir com a medida, provavelmente inócua até para isso.
Eu separo meu lixo reciclável (na maior parte garrafas-pet de suco natural) em sacolas transparentes, pouco maiores que as de mercado (compradas barato, no formato de bobina) e as deixo na frente do prédio. Às vezes não duram cinco minutos ali, que logo um catador as leva, inteiras, sem precisar rasgá-las e sem nenhuma sujeira. Resolve os dois problemas: a necessidade do catador (em pouquíssima medida, é verdade) e a dos distintos moradores, altivos na fúria contra a sujeira da sua calçada, mas incapazes de fazer um gesto coletivo mínimo. Vamos lá, meus amigos, vocês podem ser melhores do que isso.
Concordo com você Bruno, antes do lixo bagunçado, existe um problema social dramático que é a necessidade de se revirar lixo para sobreviver. Outros municípios no País, já há algum tempo, vêm trabalhando no sentido de organizar cooperativas de catadores, para dar um pouco mais de dignidade às pessoas que vivem disso.
Além de fazer a sua parte, como você e eu – que também reciclo meu lixo, os cidadãos têm que se importar um pouco mais com a multidão de necessitados dormindo pelas ruas, vivendo de forma tão degradante, e cobrar da administração pública medidas mais eficazes para combater as duas questões.
Pode parecer caridoso, mas sua ação só estimula a perpetuação da situação miserável do catador. Não resolve problema nenhum! Não é na nossa calçada que esse pessoal tem que buscar sustento.
Infelizmente, quanto ao lixo que vemos em vias públicas, não devemos responsabilizar as pessoas vulneráveis, e sim o próprio munícipe que o descarta de qualquer maneira, sem respeitar as regras de descarte. Não faz sentido responsabilizar os indefesos para proteger aqueles que agem de forma incorreta, acreditando que os coletores são obrigados a recolher lixo mal armazenado.
Se houver fiscalização constante, será possível flagrar moradores jogando lixo até mesmo pela janela, sem se importar com o andar em que vivem.
Precisamos ser realistas e parar de responsabilizar os indefesos. A Prefeitura deveria cobrar e exigir mais dos próprios munícipes.
Onde no Brasil há coleta por dutos subterrâneos como em Barcelona? Querer criticar tudo bem, mas um pouco de coerência não faz mal a ninguém.
Quem vai ressarcir o condomínio pela quebra do contentor devido a velocidade dos lixeiros ao recolher o lixo e também quem vai ressarcir o roubo dos contentores?
E o condomínio que não possui empregado? Como vai fazer?
Não existe a consciência de separação do lixo orgânico do reciclável. Todo mundo joga tudo misturado nos sacos. Os sacos dos containers continuarão a ser rasgados pelas pessoas que catam material reciclado. Tem que ter uma campanha unindo sociedade e prefeitura para separar o lixo.
Do que adianta? Vai continuar tendo mendigo rasgando tudo e misturando
Álgumas normas parecem q foram feitas por alienígenas. Ou seja, por quem desconhece,totalmente, as necessidades, a dinâmica e as consequências sobre a questão.
E ainda vai atrasar os lixeiros q terão trabalho adicional p retirar cada saco de lixo do container.
Sem contar o barulho de.tampas abrindo e fechando e.batendo nas caçambas, aumentando mais a poluição sonora da cidade.
E não resolverá o problema, pois o catador agora, além de rasgar os sacos, quebrará as lixeiras.
É cada coisa…
Sou leitor assíduo mas toda matéria é crítica e dessa vez passou do limite.
Matéria não fez nem sentido.
Na Suíça os moradores tem que levar seu lixo ate o depósito de resíduos
Na Alemanha vc recebe valor por reciclar.
No Brasil, 80% das cidades nem colheta diaria tem.
Organizar é preciso, ja que mesmo em Icaraí, carecemos muito de educação e urbanidade na população.
E vai parar de ter mendigos mechendo no lixo ?