Um jornalista amigo, que até hoje não se recuperou totalmente da depressão que a Covid 19 lhe deixou como sequela, resolveu espairecer a cabeça em Niterói, onde morou por muitos anos. Preferiu a viagem de barca para vir do Rio e aqui reavivar os bons tempos em que ele e muita gente atravessavam a baía lendo jornal. Encontrou agora um ambiente completamente diferente. Hoje as pessoas viajam grudadas nas telas do celular.
Como não tem mais a Leiteria Brasil, onde tomava o seu café da manhã, com coalhada, torrada Petrópolis e café com leite, a melhor opção foi pegar um táxi e ir à Confeitaria Beira Mar.
Ao saltar na Rua Paulo Gustavo, flagrou a primeira cena triste ao ver muitos moradores de rua acordando embaixo das marquises da agência do Banco do Brasil.
Como continua andarilho e saudoso resolveu caminhar pela Gavião Peixoto para passar na porta do antigo Steack House e relembrar as noitadas regadas a chope e muita conversa jogada fora com inesquecíveis amigos. Ficou mais assustado ainda com a quantidade de mendigos pelas calçadas daquela movimentada rua comercial.
Resolveu seguir em frente para olhar o Campo de São Bento, onde costumava curar suas ressacas do famoso bar de Helton Furrier, que varava a madrugada,
Com o olhar aguçado de repórter, dois nomes de placas na rua lhe chamaram atenção e causaram espanto: o da Ótica por Olho por Olho e da Policlínica Centro da Dor.
Com receio de encontrar uma clínica odontológica Dente por Dente, me telefonou ainda da rua de Icaraí para dizer que estava sentindo saudade da outrora Cidade Sorriso, hoje com ambiente monótono e triste.
Para melhorar o astral daquele antigo companheiro, disse para pegar um táxi e vir para Itacoatiara, que tinha um astral diferenciado.
Topou e fui andando na sua companhia pelas ruas com nomes de flores – Camélias, Cravos e Rosas – até chegar à praia, onde o velho repórter avistou um cenário diferente, com ondas gigantes, acima de três metros e a juventude dourada alegre na areia, com suas pranchas debaixo do braço, porque o mar não estava para peixe.
Abri a barraca, mas meu amigo preferiu ficar em pé, logo mergulhando num papo profundo com um casal jovial e o Juliano Lara, craque que organiza com sucesso, há anos, o Circuito Mundial de BodyBoard, com muita história para contar.
Entrou tanto no clima daquele recanto de surfistas que me chamou para encarar um sanduba com mate do Marcelo Natural, o preferido da garotada, que além de gostoso custa 20 pratas. Mas achei melhor levá-lo para almoçar um salmão com salada no Quiosque do Noi, ao som forte das ondas do mar.
Deixei no final da tarde o companheiro de muitas jornadas jornalísticas no catamarã de Charitas, onde por ter mais de 60 anos de idade, teve passe livre.
O velho companheiro agradeceu o dia com semblante alegre, porque a ressaca de enormes ondas levou de sua memória as cenas tristes de Icaraí.
Pelo jeito, se fica mais um pouco naquela paradisíaca praia da terra de Arariboia, ia acabar pedindo uma prancha emprestada para surfar quando a maré baixasse.
tinha que ver tambem a praçaem frente da camara de niteroi, um absurdo, onde cracudos se amontoam a noite pedindo esmola e ameacando as pessoas, um vergonha, e esta em frente a camara de vereadores
É uma pena que ele não andou a noite pelas ruas de Niterói.,… Pois aí sim, ia ver como a cidade está triste.
Iluminação péssima, ruas vazias as 20 horas, como se fosse madrugada
Ele também tinha que ter passado pelo Centro da Cidade, e depois vir ver um filmezinho no Cinema Icaraí, totalmente “reformado” pela Prefeitura de Niterói. Após o cinema , ir dar uma caminhada pelo calçadão ” iluminado”e bem “policiado” da Praia de Icaraí . Vai querer voltar, com certeza…
Lindo e comovente texto !!! Parabéns Gilson Monteiro, só um jornalista e ser humano como você, seria capaz de escrever !!!!!
Não adianta solicitar a secretaria social , pois não resolvem . Sempre falam que vão passar para dar uma olhada…
É uma pena, que seu Amigo tenha visto a praia “torcendo o pescoço” !… O matagal da praia, impede a visão de quem deseja apreciar a praia de Itacoatiara ! Não adianta Reclamar com o governo ! Eles não gostam de Itacoatiara … Uma grande burrice !
Vegetação Litorânea é a vegetação típica da região costeira. Ela está presente nos 17 estados litorâneos do Brasil. São eles: Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A maior parte da vegetação litorânea está associada à Mata Atlântica, uma vez que a maior parte do seu território se localiza na zona costeira. Importa referir que a Mata Atlântica possui cerca de 20 mil espécies de plantas.
Como tipos de vegetação litorânea podemos citar as plantas que crescem nas restingas, nos manguezais, nas dunas e nas praias. São exemplos: açucena, bromélia, erva-baleeira, jurema, taboa, entre outras.
A restinga é dos espaços geográficos mais afetados pela intervenção do homem.
Mais info: todamateria.com
Uma visão romântica de uma cidade dinâmica que se ainda pode-se ver sorrisos é devido aos aparelhos odontológicos que usa.
Caro jornalista a cidade cresceu e deixou o trampolim da praia de Icaraí pra trás, assim como as praias e lugares exclusivos.
Onde não há gente dormindo na rua nesse planeta? Parece que só existe em Niterói, mas tudo melhorará depois do Catamarã, que aliás não é pra qualquer um.
Gilson, só vc pra mostrar a realidade de Icaraí. Bairro abandonado pelo poder público, sujo, mal iluminado, acessibilidade do pedestre comprometida pelas barracas dos camelôs na Gavião Peixoto e bicicletas, disputando espaço nas calçadas esburacadas. Lamentável.
Pena ele viu o Centro, Amaral Peixoto, Praça da República, etc…
Adoro seus textos porque retratam exatamente a triste realidade do que Niterói vem se tornando. Icaraí está abandonada. Lixo espalhados pela rua, ratos, baratas. Dá medo de passar de tão deserta que vem ficando.
Infelizmente está realidade é de.quase todo lugar.
A população cresceu demais;
A pobreza idem;
Não tem emprego;
O povo não tem apoio. Não tendo como se manter, vai pras rua.
Nossa triste realidade.
Nasci e moro em Niterói, mas tudo mudou nestes meus 74 anos. Niterói já não tem cadeiras nas calçadas, os bondes lotados, a barca Terceira, os trens chegando e saindo da Estação Leopoldina/Central de Niterói, o mercado de peixe em palafitas, o trampolim de Icaraí, os tradicionais cinemas, confeitarias, gafieiras, etc.
Hoje tenho medo de chegar em casa de madrugada. Niterói esta perigosa.
Desculpe mas se o “matagal” ao qual o senhor se refere é a restinga, que com grande esforço dos moradores e também do poder público hoje está forte e bonita!? Acho que o senhor deveria aprender a apreciar, pois esse “matagal” faz parte da beleza da praia.
Inclusive os banheiros com forte cheiro de fezes, urina, como também buracos para as drogas serem entocadas para revenda aos usuários.
Matagal?! Aquilo é o projeto de restauração da restinga natural e comum em todos as praias de niteroi.
E os imundos quiosques na praia de Icaraí, que nem a justiça consegue tirar . A vigilância Sanitária já viu?
Caro Gilson, só faltou voce declarar o nome desse seu amigo jornalista que veio para Niterói á passeio, para recordar locais que frequentava em tempos passados…e que quase encara as ondas gigantes de Itacoatiara com seus 60 anos!
Bela crônica dessa cidade acolhedora e amiga!
O futuro é um presente embrulhado em papel passado.