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Do chapéu panamá à cueca samba canção, camisaria segue a tradição

Escrito por Gilson Monteiro às 12:08 do dia 23 de julho de 2021
Sobre: Há sete décadas
  • camisaria tauil
23jul

camisaria tauilUma loja pioneira da moda masculina em Niterói mantém o estilo há 72 anos. Vende o legitimo chapéu Panamá e os de alpaca, a cueca samba canção, suspensórios, gravatas borboletas, gorros, pijamas enflanelados e lenços de linho. Claro que estamos falando da lendária Camisaria Tauil.

Está no mesmo ponto há mais de sete décadas, na Rua da Conceição 11. Enfrentou todas as crises econômicas e epidêmicas, tendo perdido ao longo dos anos todos os seus tradicionais vizinhos: a Leiteria Brasil, a Grand Joias, Pizzaria Italiana, Somar, Restaurante Monteiro, Luciu’s e a Tecelagem Amazonas. E mais, do outro lado da rua, a Sportiva, Farmácia Ponciano, Drogaria Barcelos, Riviera, Café Santa Cruz, Casa das Linhas e Palomar.

Por trás do balcão dessa loja há uma história de trabalho e de vida bonita. Alfredo Tauil, fundador da camisaria, era filho de libanês. Em 1931 vendia gravatas, abotoaduras de camisa, alfinetes e prendedores aos fregueses do Salão Elegante. Neste point da beleza masculina, os homens iam fazer a barba, aparar o bigode e o melhor corte e tintura para o cabelo.

Simpático e bom vendedor, logo conquistou a freguesia. Três anos depois comprou o imóvel do salão na Rua da Conceição. Conseguiu um financiamento do Banco Predial. Os diretores do banco eram seus clientes e conheciam seu histórico de trabalho e honestidade.

Foi aí que abriu a loja de moda masculina com o seu sobrenome. A Camisaria Tauil passou a ser frequentada pela alta sociedade e pelas figuras mais representativas da velha província, como os ex-governadores Amaral Peixoto, Roberto Silveira e Paulo Torres.

Com o tino para o comércio, Alfredo reservou um espaço da loja para atendimento a homens obesos, o que foi o maior sucesso.

Não tinha dia nem hora, Alfredo foi a sua loja até os 94 anos, cinco anos antes de falecer. Abria as portas até nos dias de carnaval para vender aos foliões serpentinas, confetes e lança perfume. Na época, a Rua da Conceição fervilhava de gente, sendo o local de maior animação da cidade.

Alfredo Tauil conseguiu formar os três filhos, seu xará Alfredo, médico; Marilda, advogada; e Luiz Antônio, administrador de empresas. Este segue o negócio do pai. Está há 50 anos no balcão da Camisaria Tauil, sem contar os anos que, ainda de calça curta, ia ajudar no atendimento aos fregueses nos dias de maior movimento do comércio e no mês do Natal.

Luiz Antônio Tauil, 71 anos, diz que se sente feliz em poder dar continuidade ao trabalho do pai e fazer a alegria de clientes antigos e fiéis às roupas clássicas que lhes dão conforto e bem-estar.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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6 thoughts on “Do chapéu panamá à cueca samba canção, camisaria segue a tradição

  1. Parabéns ao jornalista Gilson Monteiro pela brilhante matéria ,que nos emocionou ao trazer de volta os áureos tempos , onde a Rua da Conceição era o ponto nobre do comercio de Niterói !!!!
    E um parabéns especial ao heroico Luiz Antônio , que com dedicação e competência , com todos os percalços , manteve a lendária Camisaria Tauil !!!

  2. Eu sempre comprei roupa masculina para meu marido e filho na Camisaria Tauil .Roupas de qualidade e atendimento, nota 10.Eu quase sempre era atendida pelo Sr.Vitor Tauil , que tambem trabalhou la , até vir a falecer.parabens a familia Tauil sempre no comercio , a decadas.❤

  3. Inacreditável…exemplo respeitável de resiliência e perseverança a condução e administração da consagrada Camisaria Tauil. Mesmo longe de nossa queridíssima Niterói é difícil esquecer da minha infância e juventude nos 50 a 70, junto com meus irmãos, as compras dos nossos vestiuários na Tauil levados por nosso Pai. Dali para os salgadinhos da Modelo e do Hidrolitol era passagem obrigatória.
    Parabéns a Familia Tauil e Felicidades na continuidade do empreendimento.

  4. Caro Gilson. Boa noite.
    No rol dos históricos vizinhos da Camisaria Tauil, faltou ser citada a Casa Borges no número 27. Foi também um símbolo de um tempo que não volta mais. Para o ilustre amigo ter uma ideia, até a famosa louça Noritaki era por eles comercializada. Dois homens que ali marcaram época, os sócios José Borges e Benjamim Costa.
    Um cordial abraço.
    Vasco Borges

  5. Grande homenagem, ao empreendedor que mantém sua atividade comercial, superando todas as dificuldades.

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