“Passada a pandemia, tem trabalho para todos”, é a manchete que José Alves Pinheiro Junior, um grande e experiente repórter, que dirigiu os mais importantes jornais do país, gostaria de publicar nos dias de hoje. Aos 85 anos, ele mantém o faro apurado da notícia. Não deixa passar um fato em branco, ou uma foto. Ligado na internet, posta em seu perfil no Facebook ou manda por mensagem para um companheiro que ainda está militando.
Capixaba de Cachoeiro de Itapemirim, nasceu com o sangue do jornalismo nas veias. Ainda rapazote e aluno do Liceu Nilo Peçanha, editava um jornal mimeografado do mais tradicional colégio de Niterói.
Em 1955, Pinheiro Jr conclui o curso de Jornalismo na Faculdade Nacional da UFRJ, onde nunca foi apanhar o diploma. Começou a trabalhar como repórter da Última Hora, de Samuel Wainer, onde foi de tudo, chefe de reportagem, editor e diretor, até o fechamento do jornal por questões políticas e econômicas.
O premiado jornalista fez seu debut na UH com série de 30 reportagens “Juventude transviada”, publicada em 1955 mostrando o comportamento dos jovens cariocas.
A seguir, sua primeira pauta internacional foi na Bolívia, mostrando “A Ferrovia da Morte”, série sobre a estrada de ferro Noroeste do Brasil.
Outra matéria de grande repercussão foi “A capital do império da poeira maldita”, que abordava o crescimento do uso da cocaína nas boates de São Paulo.
Sua ascensão foi rápida. Inteligente, competente e sagaz passou logo para o comando da redação, sem perder a flama de repórter.
Outros importantes veículos de comunicação compõem seu brilhante currículo. Dirigiu as redações de O Jornal, Correio da Manhã, O Dia, O Fluminense, Tribuna da Imprensa e A Crítica de Manaus; além de ter sido editor de O Globo, TV Globo e Rádio MEC.
A origem das ‘fake news’
Pinheiro diz que os jornais se modernizaram, evoluíram tecnologicamente, ficaram mais bonitos, mas por outro lado os repórteres desapareceram. Os de hoje não narram os fatos com detalhes, não investigam, não vão ao local da notícia; são protagonistas, meros participantes.
Isto deu margem para aparecerem as fakes news, alvo hoje de CPI no Congresso e inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Na casa onde sempre morou, no Bairro de Fátima, em Niterói, passa o tempo lendo ou encontrando inspiração para escrever livros. Já lançou sete: “O esquadrão da morte” (com o repórter Amado Ribeiro); “Mefibosete e outros absurdos”; “A Última Hora como era”; “Aventuras dos meninos Lucas Pinheiro”, em coautoria com os irmãos; “Bombom Ladrão”; “O voo de Ícaro”, com o cantor Biafra, seu sobrinho; “A Febre de Notícias” e “A casa grande dos amores”. Começou na sexta-feira (05/06) a escrever “Nós as santas, vós os pecadores”.
Gosta de ser lembrado sempre como repórter. É imortal da Academia Fluminense de Letras, ocupando a cadeira 11, que tem como patrono José Clemente Pereira.
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Quando os empresários reduzirem um pouco seu insaciável apetite por lucro, e quando a sociedade branca desenvolver um pouco mais de empatia por tudo que não for de origem branca, aí sim teremos um mundo um pouco melhor. Equanto isso não vem, só resta botar o dedo na cara dos responsáveis pelo caos.