O Palácio do Ingá, que já resplandeceu como sede do governo do antigo Estado do Rio de Janeiro (até 1975, quando foi feita a fusão com o Estado da Guanabara), está às escuras. A Ampla cortou o fornecimento de energia elétrica por falta de pagamento esta tarde. Eletricistas desarmaram os fusíveis do transformador que alimentava o prédio onde está instalado hoje o Museu do Ingá, administrado pela Secretaria Estadual de Cultura. Há alguns dias, com o Estado raspando o cofre e sem dinheiro para a Saúde ou para honrar a folha de pagamentos dos servidores, aposentados e pensionistas, o governador Luiz Fernando Pezão mandou retirar de seu gabinete um quadro de Antonio Parreiras, retratando a morte de Estácio de Sá. A obra era culpada, segundo supersticiosos de plantão no Palácio Guanabara, por emitir fluídos malignos que combaliram as finanças estaduais. Agora mesmo é que o quadro de Parreiras poderá ter sua própria integridade ameaçada, assim como o valioso acervo que o Museu do Ingá guarda em uma reserva técnica que fica nos fundos do prédio vizinho da favela do Morro do Palácio. Sem luz no museu, a segurança ficou ainda mais fragilizada.