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TransOceânica morre na praia sem barcos

Escrito por Gilson Monteiro às 11:53 do dia 25 de outubro de 2016
Sobre: (I)mobilidade urbana
25out

Estação dos catamarãs fica deserta durante as tardes com a suspensão dos horários de viagem das 12h às 16hNa contramão da TransOceânica, a CCR resolveu aumentar de 15 para 20 minutos os intervalos de saída dos catamarãs nos horários de pico e suspender a circulação das embarcações que ligam Charitas à Praça Quinze das 12h às 16h. A justificativa é a de que nesse horário cai bastante o número de passageiros. No sábado, a coluna publicou artigo de Luiz Antonio Mello criticando a falta de atitude da prefeitura, que somente ontem à noite se manifestou, pedindo providências ao Ministério Público Estadual para evitar prejuízo aos usuários da CCR.

Como toda boa obra mal planejada, a TransOceânica soma mais este à lista de erros que vem acumulando, tais como redução do estacionamento junto ao comércio da Estrada Francisco da Cruz Nunes; ciclovias sobre o passeio público; sinalização tátil que conduz o deficiente visual de encontro a postes na calçada; pista para apenas um carro, sem prever entrada de garagens na Avenida Paulo Mello Kale, no Cafubá; pontos de ônibus a meio quilômetro uns dos outros e retornos distantes.

Grande parte da população economicamente ativa de Niterói trabalha no Rio. Há também muitos moradores que estudam na Capital. A população da Região Oceânica já representa cerca de 30% do total de 497 mil habitantes. Especialistas em trânsito consideram que 120 mil pessoas fazem o movimento pendular entre o Rio e Niterói. Mas o projeto da TransOceânica parece não ter considerado isto seriamente.

Desde o início da obra o que se vê é que os 9,3 quilômetros desta via levariam a população da Região Oceânica apenas até a estação dos catamarãs, em Charitas.

Estão sendo gastos R$ 310 milhões (R$ 292 milhões financiados em 25 anos pela Caixa Econômica) para a construção da obra a cargo de um consórcio formado por uma das empresas de Ricardo Pessoa, empresário condenado pela Operação Lava-Jato.

Agora, do meio-dia às 16h quem chegar pelo túnel Charitas-Cafubá em direção ao Rio vai ter que cruzar a Zona Sul congestionada para seguir até as barcas na Praça Arariboia ou à Ponte Rio-Niterói, já que os catamarãs estão fora de operação.

Comerciantes no prejuízo

Nas tardes hoje desertas da estação hidroviária de Charitas, comerciantes pagando aluguéis de R$ 4,5 mil por loja ocupada, já preveem o prejuízo. No Restaurante Olimpo, na tarde de ontem, não se via o vai-e-vem de garçons. As mesas estavam vazias, exceto uma, onde um casal conversava compenetrado.

Os donos da Panito, uma sanduicheria que vende café expresso e cervejas artesanais, já tinham sentindo uma queda no movimento antes da paralisação dos catamarãs, o que acreditam fará o caixa ficar ainda mais vazio. A loja do Mundo Verde, inaugurada com a abertura da estação há doze anos, ocupa três lojas, pagando R$ 13,5 mil de aluguel, e também sofre com o esvaziamento da estação, assim como a loja de revistas, jornais e charutos amarga prejuízo.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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5 thoughts on “TransOceânica morre na praia sem barcos

  1. Façam também uma matéria sobre os ônibus intermunicipais estarem perfilados em toda orla de Charitas, tirando a paisagem, colocando os ciclistas em risco com suas manobras e aumentando a poluição já que os motores permanecem ligados.

  2. No próximo comentário não esqueça de dizer que o RESIDENCIAL FAZENDINHA ficou invisível durante esta obra infernal do túnel.Agora para finalizar estão asfaltando a Av.8 que passa na entrada do Residencial e vai ser uma via expressa sem o mínimo de planejamento para garantir a acessibilidade dos moradores.
    CADÊ A VIA AUXILIAR SOLICITADA PELOS MORADORES

  3. Sua observação e muito pertinente.
    Essa e a realidade hoje da região oceânica.
    Tudo ficou mais longe. Difícil acesso pois temos que transitar por ruas residenciais estreitas repletas de quebra molas para contornar as grandes distancias.
    Como os estacionamentos foram destruídos os que restaram estão mais estreitos em função do alargamento das pistas o que obriga o veículo a sair de ré na Francisco da Cruz Nunes pista esta,de maior velocidade tornando um perigo a mais para os motoristas .
    O prejuízo causado ao comércio e irreparável . Somou-se crise política, obra mal planejada, recessão econômica e altas despesas com 13 de funcionários no fim de ano . E para o início do ano que vem como já sabemos , pesadas despesas com Ipva e escolas.
    O cenário não e nada favorável .
    Os ciclistas que se arriscam por aqui são loucos suicidas. As novas pistas da Avenida de Sete de Setembro não contemplam nem mesmo acostamento .
    Se o ônibus der algum problema na pista central, terá que ser içado por um guindaste pois ele irá circular a quase meio metro da pista dos veículos de passeio.
    Enfim , alguém nos perguntou se precisávamos desta obra?

  4. Realmente é assombroso uma situação assim. Pra que vai servir este túnel e os transtornos aos moradores da região oceânica sem o catamarã.
    Aproveito pra denunciar uma situação inusitada que ocorreu com os moradores da estrada da fazendinha, no Sapé, que se inicia ao lado do sítio Carvalho. Imagine que foi destinado uma verba do PAC pra asfaltamento desta estrada. Comeram a verba e os moradores é quem tem que fazer a manutenção tapando os buracos. Em dia de chuva fica intransitável pois com isso não existe transporte público e nem de vans.

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